A Polícia Federal (PF) do Brasil, em cooperação com a Homeland Security Investigations (HSI), uma agência dos Estados Unidos, obteve uma vitória na luta contra a criminalidade internacional.
Um brasileiro foragido da Justiça desde 2021 foi preso em uma operação realizada na Flórida, nos EUA, no dia 4 de março. O homem, envolvido em um esquema criminoso que movimentou bilhões de reais em uma pirâmide financeira, foi capturado em Miami após a colaboração entre as autoridades brasileiras e americanas.
Pirâmide financeira e criptomoedas
O brasileiro, cuja identidade não foi divulgada, é acusado de ser um dos principais articuladores de um esquema de pirâmide financeira que funcionava de forma ilegal entre 2015 e 2021.
A operação, que foi batizada de Operação Kryptos, tinha como foco prometer lucros exorbitantes por meio de investimentos em criptomoedas. No entanto, essas promessas não passavam de uma fachada para um esquema fraudulento que visava obter dinheiro de investidores sem qualquer lastro real.
O total movimentado de forma ilegal ultrapassa os R$ 38 bilhões, o que caracteriza o crime como uma das maiores fraudes financeiras do país. O acusado utilizava seu know-how em criptomoedas e movimentações financeiras para atrair vítimas e criar uma falsa sensação de segurança em torno dos “investimentos” que oferecia.
Papel da Interpol e da Cooperação Internacional
A detenção do foragido foi viabilizada graças à atuação coordenada entre a Polícia Federal do Brasil e a HSI, com o apoio da Interpol, que tinha o criminoso como alvo internacional desde agosto de 2022.
A Interpol, através de suas bases de dados e troca de informações, facilitou o rastreamento do acusado até Miami, cidade onde ele estava vivendo sob uma identidade falsa. O envolvimento da Interpol foi crucial para encontrar o indivíduo que havia fugido do Brasil usando um passaporte falso.
Além disso, o criminoso atuava nos EUA, intermediando transações e operando em favor da organização criminosa. Ele realizava a criação de empresas fictícias, movimentava contas bancárias, comprava propriedades e até adquiria criptoativos, tudo em nome do esquema fraudulento.
A fuga
A fuga do brasileiro do Brasil não foi simples. Utilizando um passaporte falso, ele conseguiu deixar o país sem ser detectado pelas autoridades brasileiras. Isso mostra como o crime organizado pode ser sofisticado e como a utilização de documentos fraudulentos e rotas de fuga alternativas torna a prisão mais difícil.
Após sua fuga, o acusado continuou a atuar nos Estados Unidos, onde seu conhecimento sobre o sistema financeiro e criptomoedas permitiu que ele se integrasse à organização criminosa que perpetuava o esquema de pirâmide. A investigação revelou ainda que ele foi responsável por várias operações que ajudaram a expandir o golpe e manter o fluxo de dinheiro ilícito.
Processo de extradição
Com sua prisão em solo americano, o criminoso aguarda a decisão sobre sua deportação ou extradição ao Brasil. As autoridades brasileiras buscam que ele seja trazido de volta ao país para responder pelos crimes pelos quais é acusado, incluindo crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e outros relacionados à pirâmide financeira.
Caso seja extraditado, o foragido poderá enfrentar uma longa pena de prisão, que pode chegar a até 26 anos, conforme as acusações que pesam contra ele. Além disso, sua detenção pode ser um marco importante no combate a fraudes financeiras no Brasil, especialmente no setor de criptomoedas, que vem sendo cada vez mais utilizado por criminosos para lavar dinheiro.
A cooperação entre os países envolveu uma ação bem-sucedida que resultou na captura de um dos principais responsáveis por um dos maiores esquemas de fraude financeira no Brasil. A detenção dele deve servir como um alerta para outros criminosos e como um exemplo do sucesso das operações conjuntas para desmantelar organizações criminosas transnacionais.