No início deste mês, uma jovem brasileira ganhou projeção nacional ao declarar, com entusiasmo, que faria história como a primeira astronauta mulher do Brasil em uma missão da NASA prevista para 2029.
A revelação, feita por meio de suas redes sociais, rapidamente viralizou, impulsionada por fotos com trajes espaciais e publicações emocionadas.
No entanto, a comoção inicial deu lugar à desconfiança quando especialistas do canal Space Orbit, no YouTube, decidiram investigar a veracidade das afirmações. O que parecia um feito inédito da ciência brasileira acabou se revelando um grande engodo.
Brasileira de 22 anos mentiu sobre ser astronauta da Nasa
A protagonista da controvérsia é Laysa Peixoto, de 22 anos, moradora de Contagem (MG). Ela se apresentava como uma física teórica e especialista em computação quântica com histórico de contribuições para projetos espaciais, além de exibir imagens em trajes semelhantes aos usados por astronautas da NASA.
Entre suas alegações mais impressionantes estava a participação em missões da agência espacial norte-americana e o anúncio de que teria sido selecionada para integrar um voo da empresa Titans Space Industries.
Intrigados com o caso, os produtores do Space Orbit — canal voltado à divulgação científica e temas aeroespaciais — mergulharam em uma apuração detalhada. O resultado desmontou toda a narrativa de Laysa.
Segundo os youtubers, a jovem sequer concluiu o curso de Física na Universidade Federal de Minas Gerais, tendo sido desligada por abandono.
Além disso, os treinamentos que ela mencionava em suas redes sociais eram, na verdade, cursos de divulgação científica oferecidos por centros educacionais, como o Space & Rocket Center, nos Estados Unidos.
Esses programas, que custam cerca de seis mil reais, são voltados para o público jovem e não conferem qualquer certificação profissional como astronauta.
NASA negou vínculo com a falsa astronauta brasileira
A investigação também expôs a ausência de qualquer vínculo oficial entre Laysa e a NASA. A própria agência, ao ser questionada, afirmou que a brasileira nunca foi funcionária, pesquisadora ou candidata ao programa de astronautas.
Projetos que ela dizia liderar, como o MADSS e o AquaMoon, não aparecem em nenhum registro oficial da instituição. Segundo a NASA, a participação de Laysa em iniciativas estudantis não justifica alegações de afiliação formal.
Apesar das evidências e da negativa da agência, Laysa ainda não comentou publicamente sobre as denúncias.
O caso, no entanto, levanta um debate importante sobre a responsabilidade na divulgação científica e o risco das redes sociais na propagação de falsas narrativas.