O colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade), muitas vezes chamado de “colesterol ruim”, tem sido um grande vilão da saúde cardiovascular.
Aproximadamente 40% da população adulta brasileira enfrenta níveis elevados dessa substância, o que coloca milhões de pessoas em risco de complicações sérias como infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Apesar dos avanços médicos, cerca de 80% dessas pessoas não conseguem atingir as metas de tratamento recomendadas para reduzir o colesterol a níveis mais seguros. A boa notícia é que o Brasil acaba de receber uma inovação no tratamento para controlar essa condição, um passo significativo para combater os problemas cardiovasculares em nosso país.
A preocupante situação do colesterol alto no Brasil
O colesterol LDL elevado é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas. Esse tipo de colesterol pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas que obstruem o fluxo sanguíneo e podem causar infarto ou AVC.
Esse processo é silencioso, não apresenta sintomas imediatos, e muitas pessoas só descobrem que têm o problema quando já estão em risco de complicações graves. Além disso, fatores como falta de adesão ao tratamento e a incapacidade de alguns medicamentos de controlar os níveis de colesterol adequadamente complicam ainda mais o cenário.
Novo tratamento
A boa notícia é que agora, no Brasil, existe uma nova opção de tratamento aprovada pela Anvisa: um medicamento que combina duas moléculas em um único comprimido diário, o que torna o tratamento mais simples e eficaz para os pacientes. As duas moléculas presentes nesse novo tratamento são:
- Ezetimiba: Já conhecida no mercado, essa substância inibe a absorção do colesterol proveniente da alimentação e do reaproveitamento da bile. Ela ajuda a reduzir os níveis de colesterol LDL em torno de 18% quando usada sozinha. No entanto, é mais eficaz quando combinada com estatinas, podendo alcançar até 25% de redução.
- Ácido Bempedoico: O ácido bempedoico é uma substância relativamente nova, já em uso em países como os Estados Unidos, Europa e Ásia. Ele atua no fígado, impedindo a formação de colesterol LDL de forma diferente das estatinas, sem causar os efeitos colaterais musculares que algumas pessoas experienciam com as estatinas tradicionais. Estudos mostram que, quando combinado com a ezetimiba, o ácido bempedoico pode reduzir os níveis de LDL em até 38%, um resultado consideravelmente superior às opções existentes.
Como funciona o ácido bempedoico e por que ele é diferente
O ácido bempedoico é classificado como uma “pró-droga”, ou seja, ele precisa ser ativado por uma enzima para atuar de forma eficaz. A grande vantagem desse processo é que a enzima necessária para ativá-lo não está presente nos músculos. Isso significa que, ao contrário das estatinas, ele não causa dores musculares, um efeito colateral comum com o uso dessas drogas.
Outro ponto importante é que, ao contrário das estatinas, que interferem diretamente na produção de colesterol nas células do fígado, o ácido bempedoico bloqueia uma etapa diferente nesse processo, sem afetar diretamente as funções musculares. Para os pacientes que não podem tolerar estatinas devido aos efeitos adversos, o ácido bempedoico representa uma excelente alternativa.
Eficácia comprovada
Um dos principais benefícios desse novo tratamento é a sua alta eficácia na redução do colesterol LDL. Estudos clínicos indicam que quase 70% dos pacientes que utilizaram a combinação de ezetimiba e ácido bempedoico alcançaram as metas de redução de colesterol estabelecidas pelos cardiologistas, um resultado muito mais positivo do que o encontrado com tratamentos isolados.
Isso significa que um número considerável de pacientes poderá finalmente controlar seus níveis de colesterol de maneira mais eficiente e com menos efeitos colaterais.
Além disso, o ácido bempedoico se mostrou particularmente útil para aqueles pacientes que já utilizam estatinas, mas não conseguem atingir as metas de redução de colesterol apenas com esse medicamento.
Ao ser combinado com a ezetimiba, o ácido bempedoico oferece uma redução adicional nos níveis de LDL, o que é um avanço significativo no tratamento de pacientes de alto risco cardiovascular.
Indicações e cuidados no uso
Este tratamento foi aprovado para uso em adultos com hipercolesterolemia primária (colesterol elevado devido a fatores genéticos) ou hipercolesterolemia secundária (quando o colesterol alto é resultado de hábitos de vida inadequados, como alimentação rica em gorduras, sedentarismo e ganho de peso).
A combinação das duas substâncias é indicada tanto para quem já tem histórico de problemas cardíacos quanto para quem tem risco aumentado de doenças cardiovasculares.
No entanto, como qualquer medicamento, o ácido bempedoico pode ter efeitos colaterais. Por exemplo, há um aumento discreto no ácido úrico, o que pode ser problemático para pacientes com gota.
Além disso, um pequeno aumento nas enzimas hepáticas foi observado em alguns casos, embora esse efeito tenha sido geralmente temporário. Pacientes com problemas renais também devem usar o medicamento com cautela, devido a um pequeno aumento nos níveis de creatinina.
O que esse avanço significa para o Brasil
A chegada do ácido bempedoico ao mercado brasileiro é uma grande conquista, principalmente para os pacientes que ainda não conseguem controlar seus níveis de colesterol com as opções disponíveis.
Com a combinação de ezetimiba e ácido bempedoico, muitos brasileiros terão uma nova oportunidade de manter seus corações saudáveis e evitar complicações graves, como infartos e AVCs.
Além disso, essa inovação pode trazer um benefício importante para o sistema de saúde, uma vez que pode reduzir o número de complicações cardiovasculares, diminuindo a necessidade de tratamentos caros e intervenções médicas de emergência.
A expectativa é que, com o tempo, mais pessoas possam se beneficiar dessa nova terapia e alcançar uma saúde cardiovascular de qualidade, sem as limitações de tratamentos anteriores.