O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta semana, em entrevista concedida ao portal UOL, que é possível que fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tenham ocorrido enquanto ele ocupava a Presidência da República.
Embora tenha reconhecido essa possibilidade, Bolsonaro também enfatizou que o esquema ganhou maior dimensão sob a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os casos e apurar responsabilidades, o que também é defendido pelo atual governo Lula.
Bolsonaro reconhece possibilidade de fraudes no INSS durante seu governo
Ao ser questionado sobre a existência de irregularidades no INSS durante sua administração, Bolsonaro afirmou que nenhuma gestão está isenta de falhas.
“É possível [que tenha acontecido], e vai ser investigado. Se, por ventura, alguém do meu governo fez algo de errado, pague. E ponto final”, declarou.
O ex-presidente também argumentou que é ilusório esperar uma realidade de “corrupção zero”, comparando esse ideal ao “zero absoluto” da física — algo inatingível, em sua visão.
“Tem que investigar. Agora, explodiu no governo do Lula. Explodiu”, reforçou, apontando a atual gestão como o período em que o esquema se tornou mais evidente devido as investigações.
Na mesma oportunidade o ex-presidente Bolsonaro também manifestou apoio à CPI proposta por parlamentares da oposição e já apoiada por muitos parlamentares do governo, que visa esclarecer as causas e responsabilidades do escândalo.
O requerimento de criação da comissão já conta com apoio suficiente no Congresso Nacional, com assinaturas de 36 senadores e 223 deputados federais.
Esquema de fraudes no INSS ocorreu nos governos Temer, Bolsonaro e Lula, diz PF
O esquema em questão envolve a aplicação de descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
As investigações da Polícia Federal, que culminaram na operação batizada de “Sem Desconto”, indicam que entidades associativas vinham cobrando mensalidades diretamente dos benefícios do INSS sem o consentimento dos segurados.
O mecanismo fraudulento consistia na filiação automática de beneficiários a associações — muitas delas de fachada — com uso indevido de dados pessoais e assinaturas forjadas.
A partir disso, valores eram descontados diretamente das aposentadorias e pensões, com base em acordos firmados com o INSS.
O golpe, segundo a apuração da Polícia Federal, teve início ainda em 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), mas se intensificou nos anos seguintes, nos governo Bolsonaro e Lula. Mais de quatro milhões de pessoas podem ter sido afetadas.
Diante da pressão pública, o governo atual já anunciou medidas para suspender novos descontos e deve começar a pagar no final deste mês a restituição de valores aos prejudicados.