O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ao centro das atenções ao criticar o filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. Em entrevista ao jornalista Léo Dias, Bolsonaro ironizou a produção e afirmou que a obra deveria abordar sua própria história.
O longa, que retrata a trajetória de Eunice Paiva após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar, concorreu em três categorias do Oscar 2025, incluindo Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
Bolsonaro critica filme e atriz Fernanda Torres
Durante a entrevista, Bolsonaro comentou sobre Ainda Estou Aqui de forma irônica. “O filme tinha que começar comigo”, afirmou. Ele mencionou sua cidade natal, Eldorado Paulista, e fez referências a Carlos Lamarca, ex-militar que atuou na luta armada contra a ditadura.
Bolsonaro também aproveitou a ocasião para questionar a relevância da história de Rubens Paiva no contexto do longa.
Além do filme, o ex-presidente criticou Fernanda Torres, protagonista da produção. Ele rebateu declarações da atriz, que afirmou que Ainda Estou Aqui não poderia ser produzido durante seu governo.
“Não seria por quê? Eu proibi algum filme no meu governo?”, questionou. Bolsonaro enfatizou que sua gestão fez mudanças na Lei Rouanet, mas negou qualquer tipo de censura à produção cultural.
Ainda Estou aqui recebeu Lei Rouanet?
Após o anúncio das indicações ao Oscar, surgiram publicações nas redes sociais alegando que o filme teria recebido incentivos da Lei Rouanet. Entretanto, o Ministério da Cultura confirmou que Ainda Estou Aqui não utilizou recursos públicos federais, pois a legislação não permite o financiamento de longas-metragens por meio da Lei Rouanet.
Além disso, o longa é uma produção da VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, com coprodução da ArteFrance Cinéma, Conspiração e Globoplay. Sendo assim, não há qualquer ligação do filme com incentivos fiscais do governo federal.
Destino do Oscar de Melhor Filme Internacional
Com a vitória de Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional, surgiu a dúvida sobre quem ficará com a estatueta. Conforme as regras da premiação, o troféu é concedido ao diretor do filme, em nome de toda a equipe e do país representado. Em comunicado, a assessoria da produção confirmou que a estatueta permanecerá com Walter Salles.
Vale mencionar que o Oscar de Melhor Filme Internacional não pertence diretamente ao país vencedor, mas sim à equipe criativa. Dessa forma, o Brasil não tem controle sobre o destino do prêmio, diferentemente de outras premiações, como o Globo de Ouro, que já teve casos de estatuetas destinadas a museus nacionais.
Com isso, a polêmica em torno de Ainda Estou Aqui segue movimentando debates políticos e culturais no Brasil. Enquanto Bolsonaro insiste em sua narrativa, o filme continua conquistando reconhecimento internacional e fortalecendo sua relevância na indústria cinematográfica.