Internado há quase duas semanas em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido acompanhado de perto por médicos e também por seus apoiadores, que aguardam ansiosamente atualizações sobre sua recuperação.
Desde a cirurgia realizada no último dia 13, o Hospital DF Star divulga boletins diários sobre o estado de saúde do ex-presidente. Porém, o boletim divulgado na última quinta-feira (24/04) trouxe informações preocupantes e gerou alarme entre seus seguidores mais fiéis.
Boletim médico de Bolsonaro deixa fãs desesperados
O documento médico divulgado revelou uma piora no quadro clínico de Bolsonaro. De acordo com a equipe responsável, ele apresentou aumento na pressão arterial e alterações nos exames laboratoriais do fígado.
A nova avaliação exigiu uma bateria de exames de imagem e levou os profissionais a manterem o ex-presidente em jejum absoluto, recebendo alimentação exclusivamente por via intravenosa.
A rotina hospitalar inclui ainda sessões de fisioterapia motora e medidas para prevenir trombose venosa — uma precaução comum em pacientes que permanecem longos períodos em repouso.
A equipe reforçou que não há previsão de alta e que ele segue com orientação de não receber visitas, com exceção dos familiares mais próximos.
O motivo da internação está ligado a uma condição que remonta aos eventos de 2018, quando Bolsonaro foi esfaqueado durante a campanha presidencial. Desde então, ele passou por diversas cirurgias, e as consequências dessas intervenções culminaram na formação de aderências intestinais.
Essas aderências causaram uma obstrução parcial no intestino, conhecida como suboclusão, o que exigiu o procedimento cirúrgico realizado em 13 de abril.
Boletim médico de Bolsonaro era mais otimista na quarta-feira, antes da intimação do STF
Vale lembrar que um dia antes, na quarta-feira (23), a avaliação dos médicos era mais otimista para a recuperação de Bolsonaro.
O boletim divulgado naquele dia apontava sinais de melhora: os médicos destacaram que o paciente apresentava uma recuperação considerada positiva, com retorno dos movimentos intestinais — um indicativo importante de que o intestino começava a retomar sua função normal.
Segundo os médicos divulgaram, a expectativa era de progressão gradual para o início da alimentação por via oral. Entretanto, o cenário mudou menos de 24 horas depois.
Na quinta, os novos exames indicaram um retrocesso no quadro clínico. A pressão arterial instável e as anomalias hepáticas revelaram que o processo de recuperação enfrentava obstáculos inesperados, o que levou ao reforço na cautela da equipe médica.
O agravamento da situação coincidiu com um fato político que dominou o noticiário: a intimação judicial entregue a Bolsonaro dentro do próprio hospital na tarde de quarta-feira.
A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do processo em que o ex-presidente responde por tentativa de golpe de Estado.
Mas por que Bolsonaro foi intimado no hospital?
A justificativa do Supremo para o cumprimento da intimação naquele momento foi a comprovação de que Bolsonaro estava em condições de se comunicar, uma vez que havia participado de uma transmissão ao vivo diretamente do hospital, no dia anterior, terça-feira (22).
Além disso, o ex-presidente recebeu visitas do pastor Silas Malafaia, com quem gravou vídeos, e de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, apesar da indicação dos médicos para evitar visitas. E aliados dizem que ele auxilia no projeto que prevê anistia para condenados na tentativa de golpe de 8 de janeiro.
A decisão gerou fortes reações entre seus apoiadores, que acusam o Judiciário de insensibilidade e perseguição política. Críticos alegam que a entrega da intimação num momento delicado de saúde compromete o bem-estar do ex-presidente.
Já o STF sustenta que a medida foi legal e necessária, diante da evidência pública de que Bolsonaro estava lúcido e ativo, mesmo durante a internação.
O desdobramento dos próximos dias será acompanhado com atenção por aliados, adversários e pela população em geral. Enquanto isso, a apreensão entre os simpatizantes cresce a cada novo boletim médico.