Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com instituições da Dinamarca e do Rio de Janeiro, revelou uma relação direta entre o que colocamos no prato, como biscoitos recheados, e o tempo de vida saudável que teremos.
De acordo com os cientistas, certos alimentos podem reduzir significativamente os anos vividos sem doenças, enquanto outros, como a banana, contribuem para aumentar esse tempo.
Biscoito tira 40 minutos de vida e banana dá oito, segundo USP
A pesquisa analisou os 33 alimentos mais presentes na dieta dos brasileiros, utilizando como referência o Índice Nacional de Saúde Alimentar (HENI), uma adaptação nacional de um sistema norte-americano que mede o impacto da alimentação na saúde e na longevidade.
Esse índice considera tanto os aspectos nutricionais dos alimentos quanto dados epidemiológicos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis.
Para exemplificar, os pesquisadores estimaram que o consumo de 115 gramas de biscoitos recheados – o equivalente a menos de um pacote – está associado a uma perda de cerca de 40 minutos de vida saudável.
Por outro lado, o consumo de uma banana pode agregar pouco mais de oito minutos ao tempo de vida sem enfermidades incapacitantes.
Esses cálculos se baseiam em uma média estatística e não representam um efeito isolado de um único alimento consumido ocasionalmente, mas sim de hábitos alimentares contínuos ao longo do tempo.
O estudo também avaliou o impacto ambiental da produção de alimentos. A fabricação de uma pizza de muçarela, por exemplo, consome mais de 300 litros de água, enquanto a produção de uma banana demanda menos de 15 litros.
Alimentos de origem animal, especialmente a carne vermelha, apresentaram os maiores custos ambientais e também os piores desempenhos no índice de saúde.
Além do biscoito recheado, processados estão tomando o dia a dia de brasileiros
A principal conclusão dos cientistas é que a dieta brasileira está cada vez mais baseada em produtos ultraprocessados, ricos em gorduras ruins, açúcares e aditivos.
Esses alimentos estão fortemente ligados ao aumento de doenças como diabetes, problemas cardiovasculares e câncer, que, em 2019, foram responsáveis por quase três quartos das mortes no mundo.
No Brasil, mais da metade da população já vive com ao menos uma dessas condições. O cenário reforça a urgência de repensar os hábitos alimentares.
Priorizar alimentos naturais e reduzir o consumo de produtos industrializados pode significar não apenas uma vida mais longa, mas também com mais qualidade e menos sofrimento.