A Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC) investiga um esquema de fraude envolvendo a coleta indevida de biometria facial de clientes de uma loja autorizada da operadora Claro, em Joinville. O caso, que já contabiliza cerca de R$ 320 mil em prejuízos, veio à tona com a deflagração da Operação Fakemetria, realizada em 7 de abril.
Segundo as autoridades, o funcionário da loja coletava imagens faciais de consumidores durante a contratação de serviços de telefonia, como a aquisição de linhas móveis. Em posse das imagens, ele realizava a abertura de contas bancárias digitais e solicitava empréstimos, tudo sem o consentimento das vítimas.
Fraudes e prejuízos com dados de clientes Claro
O golpe envolvia a seleção de clientes com boa pontuação de crédito, uma informação acessível no sistema da operadora. Após identificar os alvos, o suspeito utilizava seu próprio celular para tirar fotos ou transferir imagens já armazenadas, usando aplicativos de instituições financeiras para concluir os pedidos de crédito.
Os empréstimos variavam entre R$ 500 e R$ 5.000, com média de R$ 4.000 por vítima. Embora os valores individuais não fossem altos, o número de ocorrências resultou em prejuízos significativos. Estima-se que pelo menos 80 pessoas foram afetadas, e o montante total ainda pode aumentar com o avanço das investigações.
Vale mencionar que até o momento não houve prisões. O funcionário deixou a loja e a cidade antes da operação ser deflagrada. A operadora Claro informou que não tinha conhecimento do esquema. A empresa foi procurada, mas não se manifestou oficialmente até a publicação desta matéria.
Vulnerabilidade dos bancos digitais e alerta ao consumidor
Dentre os bancos utilizados no golpe estão Afinz, Will Bank e Digio. As instituições financeiras, por meio de nota, destacaram ações de monitoramento e medidas de segurança, embora o caso evidencie falhas nos sistemas de autenticação e liberação de crédito. A ausência de validações mais rígidas em algumas plataformas digitais facilita esse tipo de fraude.
É importante mencionar que a biometria facial é classificada como dado sensível pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sendo seu uso autorizado apenas em situações específicas, como a prevenção à fraude.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) alerta que consumidores não devem ser obrigados a ceder sua imagem sem garantias de segurança e governança adequada.
Outro detalhe importante é que o Banco Central disponibiliza o Registrato, uma ferramenta gratuita que permite verificar contas e empréstimos vinculados ao CPF. Dessa forma, é possível detectar movimentações suspeitas e agir preventivamente.