A bióloga Yara Barros, de 59 anos, foi premiada com o Whitley Award for Nature, o “Oscar Verde”, pelo trabalho à frente do projeto Onças do Iguaçu, no Parque Nacional do Iguaçu (PR). A premiação, realizada em Londres, reconhece ações de conservação ambiental e concedeu a Yara 50 mil libras (cerca de R$ 370 mil) para dar continuidade ao seu trabalho.
Especialista em aves, Yara iniciou sua carreira na conservação com pesquisas sobre a ararinha-azul, no sertão da Bahia. Em 2018, assumiu a coordenação do projeto de preservação das onças-pintadas no Paraná. A conexão com os felinos foi instantânea. “Quando olhei nos olhos daquela onça, soube que era isso que queria fazer”, lembra, referindo-se a Croissant, um dos animais monitorados no parque.

Trabalho da bióloga
A bióloga então liderou uma reformulação do programa, que passou a ser chamado Onças do Iguaçu. O objetivo da mudança era criar uma conexão maior com o público. “Carnívoros do Iguaçu não gerava empatia. As pessoas têm medo, e o medo é fruto da falta de informação”, esclarece. O projeto agora integra ciência, engajamento da comunidade e ações práticas para reduzir os conflitos entre humanos e onças.
Com uma equipe enxuta de apenas seis membros, o grupo realiza campanhas de captura, coloca colares com GPS nos felinos e realiza estudos comportamentais. Paralelamente, promove ações educativas em escolas e comunidades, visita propriedades rurais e fomenta alternativas de geração de renda, como o incentivo à produção de artesanato local.
Onças e medo
Yara aponta que o medo da comunidade local continua sendo um dos maiores obstáculos. “O risco real de ataques é baixo, mas o medo é elevado, o que resulta em caça e perseguição”, observa. Para lidar com essa situação, o projeto oferece suporte imediato em casos de predação de animais de criação, instala cercas e outros dispositivos de segurança, além de monitorar de perto cada incidente, realizando aproximadamente 400 visitas técnicas anuais.
Para a bióloga, a chave para uma convivência harmoniosa entre as pessoas e as onças está na construção da confiança. “Nosso objetivo é transformar o medo em encantamento. Onde há onças, há equilíbrio na floresta. E, quando a floresta está saudável, todas as formas de vida ao seu redor também prosperam.”