A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad), um órgão governamental da França, estabeleceram uma parceria com o objetivo de avançar nas pesquisas sobre o biocarvão, um produto com alto teor de carbono e grande potencial na agricultura sustentável.
O foco será o desenvolvimento e a aplicação do biocarvão, com testes realizados no campus da universidade em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Esta colaboração marca a primeira formalização entre as duas instituições, sendo o Cirad reconhecido por seu trabalho em práticas agrícolas sustentáveis em regiões tropicais e mediterrâneas.
Pierre Marraccini, diretor do Cirad no Brasil, destaca que a institucionalização da parceria permitirá futuros intercâmbios de pesquisadores e colaborações em projetos financiados por agências francesas, fortalecendo o campo da pesquisa agrícola.
Usos do biocarvão
O biocarvão, popularizado em 2019 por estudos da UFMG, é gerado por meio da pirólise de biomassa, como esterco de animais, resíduos agrícolas e madeira, em um processo que ocorre com baixa oferta de oxigênio e temperaturas controladas.
Este material sólido é rico em carbono, o que lhe confere resistência à decomposição biológica. Por isso, pode ser aplicado ao solo para melhorar a fertilidade, a estrutura do solo e a retenção de nutrientes e água. Além de suas funções na agricultura, o biocarvão desempenha um papel importante na captura de carbono.
Sua produção e uso ajudam a mitigar as emissões de gases de efeito estufa, uma vez que o carbono fixado no biocarvão tem menos chance de ser liberado na atmosfera, ao contrário da decomposição natural da biomassa. A aplicação no solo também contribui para a redução da emissão de metano e óxido nitroso, dois gases que afetam negativamente o clima.
Portanto, o biocarvão surge como uma solução sustentável para a agricultura, com potencial tanto no Brasil quanto em outras regiões tropicais. Com a colaboração entre a UFMG e o Cirad, espera-se um avanço considerável nas pesquisas e na aplicação desse recurso, que pode se tornar um aliado importante na promoção da sustentabilidade agrícola e no enfrentamento das mudanças climáticas.