A pesquisa liderada pelo professor Carlos Ueira, do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi o primeiro destaque da Série Inovação, iniciada em abril pela Agência Intelecto e pela Divisão de Divulgação Científica da UFU. A Série Inovação, uma sequência de entrevistas quinzenais, tem como objetivo apresentar os pesquisadores da UFU e suas contribuições para o desenvolvimento de novas tecnologias.
O estudo inovador fez uso de bactérias isoladas de abelhas sem ferrão brasileiras, o que resultou na criação de nanopartículas de prata com propriedades antimicrobianas. Esse avanço significativo tem o potencial de combater infecções causadas por bactérias multirresistentes, uma das maiores preocupações na medicina moderna.
Bactérias resistentes
As bactérias, extraídas do bioma brasileiro, possuem a rara habilidade de secretar compostos antioxidantes que foram aproveitados para sintetizar nanopartículas de maneira inovadora e sustentável, sem recorrer a produtos químicos convencionais. A técnica empregada, chamada “síntese verde”, oferece uma abordagem ecológica e econômica para a produção dessas nanopartículas, que apresentam propriedades antimicrobianas eficazes no combate a infecções causadas por bactérias multirresistentes.
Essas bactérias, que são resistentes aos tratamentos tradicionais, representam um desafio crescente para a medicina, e a pesquisa realizada na UFU abre novas possibilidades no tratamento de infecções difíceis de tratar. Os testes laboratoriais demonstraram a eficácia das nanopartículas de prata desenvolvidas por esse método contra diversas cepas de bactérias, incluindo aquelas que desenvolveram resistência aos antibióticos comuns.
Aplicações futuras
Segundo o professor Carlos Ueira, essa inovação tem o potencial de transformar diversas áreas, incluindo a medicina humana e veterinária. As nanopartículas podem ser incorporadas em fármacos, próteses, shampoos e outros produtos, oferecendo tratamentos mais eficientes e sustentáveis.
Outro aspecto importante da pesquisa é a estabilidade das nanopartículas, que, ao contrário dos compostos puros, mantêm sua eficácia por um período muito maior, prolongando a vida útil dos produtos nas prateleiras. Atualmente, a pesquisa está na fase de testes in vitro, e o próximo passo será testar os resultados em modelos vivos para validar ainda mais a eficácia da tecnologia.