A Natura está analisando a possibilidade de vender a operação da Avon fora da América Latina e segue em negociações com a gestora IG4, que manifestou interesse na aquisição. Em dezembro de 2024, a empresa brasileira já havia anunciado que avaliava alternativas estratégicas para a Avon International, considerando tanto a venda total quanto parcerias comerciais.
No comunicado assinado pelo diretor financeiro da Natura, Guilherme Castellan, a empresa ressalta que as negociações com a IG4 são exclusivas, porém ainda estão em fase inicial, enquanto outras opções estratégicas continuam sendo avaliadas.
Histórico da união Avon-Natura
Em maio de 2019, a Natura revelou a aquisição da Avon por meio de uma troca de ações entre as empresas, resultando na criação do quarto maior conglomerado de beleza do mundo. A operação foi finalizada em janeiro de 2020, com um valor de mercado aproximado de US$ 11 bilhões.
Passados quatro anos da fusão, a Natura iniciou uma reavaliação da integração com a Avon. Em fevereiro de 2024, a empresa anunciou a possibilidade de separar as operações, argumentando que ambas as marcas já atuavam de forma independente. O estudo foi suspenso temporariamente em agosto, quando a Avon Products — subsidiária responsável pela gestão da marca fora da América Latina — solicitou recuperação judicial nos Estados Unidos para reestruturar suas finanças.
Mesmo com os efeitos da recuperação judicial refletindo no caixa da Natura, a companhia reafirmou sua crença no potencial da Avon e ofereceu apoio financeiro ao longo do processo de reestruturação. No terceiro trimestre de 2024, a Natura registrou um prejuízo de R$ 7 bilhões, resultado das dívidas da Avon Products, em contraste com o lucro de R$ 6,7 bilhões obtido no mesmo período do ano anterior.
Estratégia
Desde que Fábio Barbosa assumiu a liderança em junho de 2022, a Natura tem adotado uma estratégia de simplificação de suas operações. Além da possível venda da Avon International, a empresa já se desfez de dois ativos relevantes: a The Body Shop, negociada com a gestora Aurelius Investment por R$ 1,25 bilhão, e a Aesop, vendida para a L’Oréal por US$ 2,5 bilhões.
Em fevereiro de 2025, o conselho de administração deu aval à diretoria para estudar a possibilidade de separar a Natura na América Latina da Avon, transformando-as em empresas independentes e de capital aberto. A companhia justificou a medida como uma forma de melhor adequar cada marca aos mercados específicos em que operam.