A confirmação de um novo foco de gripe aviária em aves domésticas no município de Campinápolis, no estado do Mato Grosso, reacende preocupações com a expansão da doença em território brasileiro.
Com esse novo caso, o país passa a registrar quatro focos ativos, evidenciando um cenário que exige atenção urgente das autoridades sanitárias e do setor agropecuário.
A situação em Campinápolis
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou o foco em aves de subsistência na última semana. A propriedade onde os animais foram diagnosticados com o vírus foi imediatamente interditada, e todas as aves foram abatidas, embora o número exato não tenha sido divulgado.
O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) instalou uma barreira sanitária para impedir a circulação de animais, pessoas, materiais e equipamentos que possam ter entrado em contato com o vírus.
Também foi instituída uma zona de vigilância com raio de 10 quilômetros ao redor da propriedade, onde estão sendo realizadas ações de fiscalização e monitoramento.
Quadro nacional
Além do caso em Mato Grosso, o Brasil conta atualmente com outros três focos ativos: um em uma propriedade particular em Mateus Leme, Minas Gerais; um no zoológico de Brasília, no Distrito Federal; e outro no zoológico de Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul.
Somam-se a esses dados ao menos dez investigações em andamento, com suspeitas envolvendo tanto aves domésticas quanto silvestres. Os estados afetados por investigações incluem Minas Gerais, Pará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e novamente o Rio Grande do Sul.
Consequências comerciais
A ocorrência de casos da doença, ainda que em aves de subsistência, tem repercussões significativas no comércio internacional. Até o momento, 48 países impuseram embargos totais às exportações brasileiras de carne de aves.
Entre eles estão comerciais como China, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, México e Índia. Outros 16 países limitaram as restrições apenas ao estado do Rio Grande do Sul, enquanto quatro nações adotaram medidas restritivas exclusivamente para a cidade de Montenegro (RS), onde anteriormente foi identificado um foco em um matrizeiro comercial.
A gripe aviária e seus riscos
A gripe aviária é uma doença viral que afeta aves e pode ser fatal, especialmente em casos do subtipo H5N1. Embora raramente acometa humanos, a doença tem alto poder de contaminação entre aves e representa um risco sanitário e econômico.
A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com aves infectadas ou superfícies contaminadas com fezes e secreções. Felizmente, até o momento, não há registros de transmissão para seres humanos no Brasil, e o consumo de carne de frango e ovos continua sendo considerado seguro pelas autoridades de saúde e sanidade animal.
Medidas de controle
O Brasil segue rigorosamente os protocolos internacionais de controle de influenza aviária. Entre as medidas adotadas estão o abate de aves doentes, a interdição de áreas afetadas, a desinfecção completa dos locais contaminados e a imposição de um vazio sanitário de 28 dias após a limpeza.
Essas práticas buscam impedir a propagação do vírus e proteger a avicultura nacional, especialmente as grandes granjas comerciais, ainda não atingidas.
Impactos econômicos e sociais
O setor avícola é uma das maiores forças do agronegócio brasileiro. O país lidera as exportações mundiais de carne de frango, e qualquer desconfiança sanitária pode afetar contratos bilionários, empregos e a imagem internacional do país.
Pequenos produtores, como os que criam aves para consumo próprio ou para vendas locais, são particularmente vulneráveis. Sem apoio técnico ou financeiro, muitos perdem seu sustento com a necessidade de abate imediato dos animais.
É fundamental que criadores, mesmo os de pequena escala, adotem medidas básicas de biossegurança, como evitar o acesso de terceiros às criações, impedir o contato das aves com animais silvestres e comunicar às autoridades qualquer sinal de mortalidade anormal.
A população em geral também deve se abster de tocar em aves doentes ou mortas e colaborar com campanhas de conscientização.
Desafios
O avanço de focos da gripe aviária em regiões rurais e urbanas traz consigo o risco de que a doença atinja granjas comerciais. Apesar das ações rápidas e eficazes adotadas até agora, a dispersão geográfica dos casos preocupa.
Com dez investigações em andamento e uma vigilância nacional reforçada, o Brasil vive um momento decisivo para conter o avanço do vírus. Especialistas destacam a necessidade de reforço no monitoramento, na comunicação de risco e no suporte a produtores, especialmente os de subsistência.
A resposta rápida das autoridades tem sido fundamental para evitar uma crise maior, mas a situação exige constante atenção, envolvimento da sociedade e reforço na articulação entre governos estaduais e federal.