O auxílio-doença, também conhecido como benefício por incapacidade temporária, é um direito destinado aos trabalhadores que estão temporariamente incapazes de exercer suas funções profissionais por questões de saúde.
Embora a documentação médica, como laudos e exames, seja essencial, há dois fatores que têm sido frequentemente negligenciados e que podem levar à negativa do benefício.
Aparência “boa demais” pode prejudicar a análise
Uma das atitudes que tem levado à negativa do auxílio-doença é a aparência do segurado no momento da perícia médica. Embora pareça superficial, a forma como o paciente se apresenta pode influenciar na interpretação do perito sobre o seu estado de saúde.
Relatos indicam que a maquiagem, cabelo arrumado e roupas sociais são frequentemente apontados em laudos médicos como sinais de que o paciente está em “bom estado geral”.
Embora a aparência não deva ser fator determinante, ela pode criar uma interpretação equivocada do perito sobre o grau de incapacidade do trabalhador. Não se trata de sugerir que o segurado se apresente de forma descuidada, mas é importante que o visual seja mais neutro para evitar mal-entendidos.
Em muitos casos, as mulheres, por exemplo, são as mais afetadas por essa interpretação, pois há uma expectativa social sobre a aparência feminina que pode levar o perito a acreditar que a pessoa está “bem” quando, na realidade, está enfrentando um quadro de saúde debilitado.
Falta de detalhamento na descrição da incapacidade
Outro fator que tem sido determinante para a negativa do auxílio-doença é a falta de um relato detalhado sobre como a doença ou condição incapacitante interfere nas atividades diárias do trabalhador. É comum que, durante a perícia, o segurado apenas mencione sua profissão, sem contextualizar de maneira adequada as limitações impostas pela condição de saúde.
Um exemplo comum é o caso de um auxiliar de limpeza que menciona ter dores, mas não explica como essas dores a impedem de realizar tarefas essenciais de sua função, como carregar peso ou fazer movimentos repetitivos. Sem essa explicação clara, o perito pode concluir que o trabalhador ainda consegue desempenhar suas atividades sem dificuldades, resultando na negativa do benefício.
O segurado precisa ser claro e específico sobre o impacto da doença no desempenho de suas funções. Ao não fornecer detalhes suficientes, a probabilidade de uma interpretação errada aumenta, o que pode levar à recusa do benefício.
Sistema de Perícia Médica e suas falhas
Apesar de o auxílio-doença ser um direito legítimo para quem está temporariamente incapaz de trabalhar, o sistema de perícia médica do INSS ainda apresenta falhas que podem prejudicar os segurados.
Muitas vezes, o perito pode se basear em critérios subjetivos ou em interpretações erradas dos sintomas e condições relatadas. Por isso, é fundamental que o trabalhador esteja bem preparado para a perícia, apresentando-se de maneira neutra e explicando de forma minuciosa sua incapacidade.
Cuidados importantes ao passar pela Perícia Médica
Para evitar que o auxílio-doença seja indevidamente negado, os segurados devem tomar algumas precauções importantes antes e durante a perícia médica.
O ideal é que o segurado se apresente de forma neutra, sem parecer excessivamente saudável, mas também sem aparentar estar em um estado deplorável. Roupas casuais e um visual simples podem evitar mal-entendidos sobre a gravidade da condição.
Além disso, é essencial que o trabalhador seja claro ao descrever suas limitações. Ao falar sobre a doença, deve-se especificar como ela interfere nas tarefas cotidianas, especialmente no ambiente de trabalho. Por exemplo, se uma pessoa tem dificuldades para andar ou realizar movimentos repetitivos devido a dores, é importante mencionar esses detalhes.
É fundamental que o trabalhador se prepare adequadamente para o momento da perícia, fornecendo todos os documentos necessários e relatando de forma clara e detalhada as limitações impostas pela doença.