O aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciado recentemente pelo governo federal continua gerando forte repercussão no meio político.
Com a medida sendo alvo de críticas contundentes do Congresso Nacional e de diversos setores da sociedade, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reúne nesta segunda-feira (2) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir possíveis soluções alternativas à elevação das alíquotas.
A reunião, que ocorrerá na Residência Oficial da Câmara, contará também com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reforçando o peso político e institucional do encontro.
Entenda o que motivou o aumento do IOF
O decreto publicado pelo governo em 22 de maio previa o aumento do IOF em diversas operações financeiras, como forma de ampliar a arrecadação em meio à revisão do Orçamento de 2025.
A medida teve como justificativa a necessidade de ajustes fiscais e de recomposição de receitas. No entanto, o impacto direto no bolso dos cidadãos e empresas despertou uma reação imediata no Congresso.
Em menos de 24 horas após o anúncio, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente, alegando “necessidade técnica”, mas manteve o essencial da proposta.
Pressão do Congresso e desgaste político
Parlamentares de diferentes partidos acusam o Executivo de agir sem diálogo e alertam para os efeitos negativos da medida sobre a economia real. Hugo Motta, uma das vozes mais ativas contra o decreto, classificou a iniciativa como “infeliz” e defende que a Câmara dos Deputados concentre esforços em projetos mais positivos para o país, como a reforma administrativa.
O Congresso exige a revogação total da medida, enquanto o governo resiste à ideia e busca uma saída negociada.
A importância da reunião desta segunda-feira
A reunião entre Motta, Haddad e Alcolumbre tem papel central na tentativa de destravar o impasse. O encontro é uma continuidade das tratativas iniciadas na semana passada, quando os três líderes discutiram o tema e acordaram um prazo de dez dias para que o Ministério da Fazenda apresente uma alternativa concreta ao aumento do IOF.
Agora, a expectativa é de que um novo caminho seja traçado, de forma a reduzir o desgaste político e econômico da proposta original.
A busca por soluções estruturais
Em vez de insistir no aumento do IOF, Fernando Haddad sinalizou que o governo pode apostar em um pacote de medidas estruturantes.
Ele defende que é necessário aproveitar a crise atual como uma oportunidade para discutir o equilíbrio das contas públicas de maneira mais abrangente, com foco na redução de gastos e na modernização da máquina pública.
Entre as possibilidades em debate está a retomada da reforma administrativa, uma proposta que vem sendo defendida com ênfase por Hugo Motta.
Reforma administrativa como alternativa viável
Para Motta, a reforma administrativa representa uma resposta mais eficaz e sustentável aos desafios fiscais enfrentados pelo Brasil. Ao reestruturar o serviço público, a medida poderia gerar economia significativa sem penalizar diretamente a população.
O presidente da Câmara considera essa alternativa muito mais adequada do que recorrer ao aumento de tributos, especialmente em um momento de recuperação econômica. Ele tem reforçado que o Congresso está pronto para avançar com essa pauta, caso o governo se comprometa com a agenda.
As mudanças previstas e os recuos do governo
O decreto original previa, entre outros pontos, a elevação da alíquota do IOF para remessas ao exterior destinadas a investimentos, que passaria de 1,1% para 3,5%. Após a repercussão negativa, o governo publicou um novo decreto no dia seguinte, mantendo essa alíquota em 1,1%.
Também foi preservada a alíquota zero sobre aplicações de fundos nacionais no exterior, contrariando a proposta inicial de aumento. Apesar dos ajustes, o núcleo da medida continua em vigor, o que mantém o Congresso em alerta e disposto a reagir com um projeto de decreto legislativo para anular os efeitos da norma.
Possíveis desdobramentos e expectativa por consenso
O cenário permanece em aberto, mas a reunião desta segunda-feira pode ser decisiva. O governo está pressionado a apresentar uma proposta equilibrada que satisfaça o Legislativo e evite mais desgastes.
Se não houver avanço, o caminho pode ser o da judicialização ou da derrubada do decreto pelo próprio Congresso. Paralelamente, continuam as discussões sobre outras formas de arrecadação e sobre cortes adicionais de despesas públicas.