Recentemente, um ciclone no deserto do Saara, no norte da África, levantou uma vasta nuvem de poeira e areia, que foi impulsionada pelos ventos e atravessou o Mar Mediterrâneo até alcançar a Itália. O fenômeno, monitorado por observatórios do Programa Espacial da União Europeia, atingiu na última segunda-feira (3) as regiões da Sicília e Calábria, no sul do país, provocando a coloração amarelada do céu e prejudicando a qualidade do ar. Segundo meteorologistas, a expectativa é de que a poeira se dissipe nos próximos dias.
Ciclones e nuvens de poeira originadas no Saara são fenômenos frequentes. As condições áridas do deserto contribuem para a formação dessas tempestades, especialmente quando ventos fortes dispersam partículas finas por longas distâncias. Em períodos de seca, correntes de ar em alta altitude varrem a região, elevando a poeira, que pode ser transportada até a Europa, dependendo da dinâmica atmosférica.
Ciclones de poeira
O pesquisador Carlos Perez Garcia-Pando, do Barcelona Supercomputing Center, esclarece que a poeira vinda do Saara contém partículas de variados tamanhos. As mais pesadas tendem a se depositar rapidamente, enquanto as menores permanecem no ar por mais tempo, sendo levadas pelo vento por extensas distâncias.
Os sistemas de baixa pressão são frequentemente os principais responsáveis por esses deslocamentos, gerando correntes de ar intensas que transportam as partículas pelo Mediterrâneo. Apesar do impacto na qualidade do ar, especialistas ressaltam que a poeira também tem uma função ecológica relevante, enriquecendo florestas e oceanos com nutrientes como ferro e fósforo.
Pesquisas indicam que a concentração de poeira na atmosfera tem crescido desde a era pré-industrial, influenciada tanto pelas mudanças climáticas quanto por atividades humanas, como o desmatamento e a agricultura em larga escala. Para reduzir os efeitos na saúde, é aconselhável o uso de máscaras e a limitação de atividades ao ar livre, especialmente para indivíduos com doenças respiratórias.