O flúor é um mineral essencial para a saúde bucal, pois auxilia na remineralização do esmalte dentário e reduz o risco de cáries. Por essa razão, a fluoretação da água potável é uma prática comum nos Estados Unidos e no Brasil. Desde sua adoção em 1945, a medida contribuiu para a queda significativa dos casos de cárie dentária, sendo reconhecida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) como uma das dez maiores intervenções de saúde pública do século 20.
Apesar dos benefícios comprovados, a fluoretação da água segue sendo alvo de debate. Estudos científicos sobre seus possíveis efeitos adversos, especialmente em relação às funções cognitivas, apresentam resultados variados, o que mantém a discussão sobre sua segurança e dosagem adequada em aberto.
Impactos do excesso
Alguns estudos sugerem uma possível relação entre altos níveis de flúor na urina de gestantes e um menor desempenho cognitivo em seus filhos. No entanto, uma análise conduzida em 2020, com participação do toxicologista Jan Hengstler, concluiu que, nas concentrações utilizadas atualmente na Europa, o flúor não apresenta efeitos neurotóxicos no desenvolvimento humano. Segundo Hengstler, a dose ingerida é o fator crucial.
Quando consumido em excesso, o flúor pode interferir no metabolismo do cálcio e afetar células cerebrais. Além disso, a exposição elevada pode causar fluorose dentária, levando ao aparecimento de manchas nos dentes, e, em casos mais graves, fluorose esquelética, que enfraquece os ossos e pode provocar dores articulares.
Ingestão do flúor
A concentração máxima recomendada de flúor na água potável é de 1,5 mg por litro, enquanto nos EUA e no Brasil o nível adotado é de 0,7 mg por litro, considerado seguro pelas autoridades de saúde. O limite diário sugerido para ingestão é de 4 mg para homens adultos e 3 mg para mulheres.
Como o ele também está presente em cremes dentais, sal de cozinha e alimentos como peixes e chá preto, o desafio é controlar a exposição total. Hengstler destaca a necessidade de um monitoramento cuidadoso para garantir um equilíbrio: quantidade suficiente para prevenir cáries, mas sem ultrapassar níveis que possam trazer riscos à saúde.