Pesquisadores do Centro Arqueológico de Olomouc, na República Tcheca, identificaram o que pode ser a construção de madeira mais antiga já registrada no mundo. A descoberta ocorreu durante obras na cidade de Ostrov, em 2018, mas ganhou relevância científica após a publicação de um estudo detalhado no Journal of Archaeological Science.
Vale mencionar que a estrutura é um poço datado de cerca de 7.275 anos atrás, preservado de forma excepcional graças às condições ambientais subterrâneas.
Segundo os arqueólogos, a análise dos anéis de crescimento dos troncos utilizados, técnica conhecida como dendrocronologia, revelou que os carvalhos foram cortados entre os anos de 5.266 e 5.255 a.C.
A construção revela técnicas surpreendentemente avançadas para a época, indicando um conhecimento sofisticado sobre engenharia e manejo de materiais, mesmo em uma sociedade que utilizava apenas ferramentas rudimentares feitas de pedra, osso, chifre e madeira.
Técnicas construtivas revelam engenhosidade neolítica
A estrutura mede aproximadamente 80 cm por 80 cm na base e 1,40 m de altura, composta por quatro postes de carvalho nos cantos, com tábuas encaixadas entre eles de forma precisa. Vale mencionar que dois desses postes foram reutilizados, tendo sido cortados de três a nove anos antes dos demais, o que sugere práticas de reaproveitamento já no período Neolítico.
É importante mencionar que uma das tábuas utilizadas data de um período ligeiramente posterior, entre 7.261 e 7.244 anos atrás. Isso reforça a hipótese de que a construção passou por um processo de manutenção ou reparo, uma indicação de uso prolongado e de cuidado com a preservação da estrutura.
Outro detalhe importante é que o poço foi construído de forma que as madeiras penetrassem abaixo do solo para atingir o lençol freático, evidenciando conhecimento sobre fontes de água subterrânea. Fragmentos de cerâmica encontrados em seu interior apontam para a presença humana naquela região, ainda que nenhuma habitação tenha sido localizada nas proximidades.
Arqueólogos confirmam legado histórico
A conservação da estrutura foi possível graças à sua submersão por séculos, o que impediu a decomposição da madeira. Atualmente, o poço está sendo preservado com uma solução de sacarose que penetra nas células da madeira e mantém sua forma original, um processo delicado e essencial para a integridade do achado.
Com isso, a descoberta não apenas amplia o conhecimento sobre a transição de caçadores-coletores para sociedades agrícolas fixas, como também reposiciona a narrativa da construção de madeira na história da engenharia humana.