Em 2024, a área coberta por água no Brasil diminuiu novamente, totalizando 17,9 milhões de hectares, o que representa uma queda de 2,2% em comparação com 2023 e ficou abaixo da média histórica de 18,5 milhões de hectares desde 1985, segundo o MapBiomas. Esse é o segundo ano consecutivo de redução, após uma diminuição de 2,6% entre 2022 e 2023. Nos últimos dez anos, oito registraram os índices mais baixos da série histórica.
Especialistas apontam que as mudanças climáticas têm agravado o quadro, com projeções que indicam uma diminuição nas chuvas em diversas regiões, o que pode piorar ainda mais a situação. Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, enfatizou a importância de adotar medidas como a preservação de nascentes e áreas úmidas, essenciais para regular os ciclos hídricos e mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos.
Água no Brasil
Em 2024, o Pantanal foi o bioma mais afetado, com uma redução de 60% em sua cobertura hídrica, que caiu para 366 mil hectares, um nível bem abaixo da média histórica. O tempo de inundação, que antes durava cerca de seis meses, foi reduzido para dois ou três meses, e em alguns casos, não ocorreu. O volume de água na região atingiu os menores níveis registrados desde 1985.
Enquanto isso, a Amazônia continua a concentrar 61% da água do Brasil, e outras regiões como Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica apresentaram crescimento nas áreas hídricas em 2024, superando a média histórica. No Cerrado, a água artificial (proveniente de reservatórios e represas) já representa 60% da superfície hídrica, ultrapassando a água natural dos rios e lagos.
Apesar disso, a quantidade de água nos corpos naturais do Cerrado caiu 15% desde 1985, enquanto os volumes artificiais cresceram 54%. Esse desequilíbrio revela que, embora a quantidade de água armazenada tenha aumentado, a disponibilidade nas fontes naturais continua em declínio.
Desde 1999, os níveis hídricos do Brasil não conseguiram se recuperar dos índices da década de 1980 e 1990, que foram os mais altos da série histórica. Esse cenário, agravado pela ocupação desordenada do solo e o desmatamento, reforça a necessidade urgente de políticas públicas focadas na adaptação e gestão hídrica no país.