Na manhã da última segunda-feira (28), um apagão de proporções inéditas atingiu simultaneamente Portugal, Espanha e partes do sul da França, provocando uma onda de caos que se espalhou por múltiplos setores.
A interrupção repentina e generalizada no fornecimento de energia elétrica surpreendeu moradores, empresas e até as autoridades dos três países.
O impacto foi tão abrangente que atingiu também os aeroportos, levando ao cancelamento de dezenas de voos e interrompendo temporariamente os sistemas de controle aéreo e de suporte terrestre.
Apagão histórico paralisa até os voos da Espanha e Portugal
Pouco depois das 12h30 no horário espanhol (11h30 em Portugal, 7h30 em Brasília), a rede elétrica sofreu um colapso súbito e quase total que resultou no apagão.
A Red Eléctrica de España (REE), operadora da rede espanhola, confirmou que o país enfrentou um “zero nacional”, termo técnico usado para descrever uma falha completa do sistema elétrico.
A queda no consumo foi dramática: a Espanha viu sua demanda despencar de cerca de 25 mil megawatts para menos da metade em minutos.
Em Portugal, que depende da energia espanhola para mais de 30% do seu abastecimento, o corte foi ainda mais brusco, com uma redução de mais de 90% na carga elétrica, segundo dados da REN, a gestora portuguesa de energia.
Entre os setores mais afetados pelo apagão, o transporte aéreo sofreu consequências diretas. No aeroporto de Lisboa, quase um terço dos voos previstos para decolagem foi cancelado. No total, 96 voos foram interrompidos em Portugal.
Na Espanha, o impacto foi um pouco mais contido, com 45 cancelamentos registrados nos principais aeroportos, incluindo Madri e Barcelona. As limitações nos sistemas de iluminação, comunicação e controle de tráfego impediram operações seguras durante parte do dia.
Apagão também afetou transportes, comunicações e comércios
Além dos aeroportos, o apagão deixou trens de alta velocidade e urbanos fora de operação, paralisando completamente os serviços ferroviários em ambas as nações. Cerca de 35 mil passageiros ficaram retidos em estações ou a bordo de trens parados.
O transporte público subterrâneo também foi afetado: os metrôs de Lisboa, Porto, Madri e Barcelona suspenderam as viagens. A ausência de energia nos semáforos causou congestionamentos, especialmente nas capitais.
As consequências também chegaram às telecomunicações. A navegação na internet despencou em até 90% em Portugal e 80% na Espanha, conforme o monitoramento do Cloudflare Radar. A telefonia móvel e fixa registrou instabilidade, com alta nas queixas dos usuários.
Hospitais tiveram que interromper cirurgias e atendimentos não emergenciais, operando com sistemas de reserva. Comércios fecharam, e redes como IKEA e Lidl suspenderam suas atividades.
Apagão já foi revertido em 99% das cidades afetadas e caso segue em investigação
Apesar da gravidade do apagão, a situação foi gradualmente revertida. Na manhã desta terça-feira (29), a REE informou que mais de 99% da demanda elétrica já havia sido restabelecida na Espanha. Portugal anunciou que sua rede estava completamente estabilizada desde a noite anterior.
Ainda sem uma explicação definitiva, as autoridades investigam possíveis causas. A REE aponta uma falha na interligação com a rede elétrica francesa como estopim da crise. Já a REN levantou a hipótese de um fenômeno atmosférico incomum, com variações térmicas extremas gerando instabilidade.
O governo espanhol também não descarta sabotagem ou falha técnica severa, mas investigações seguem em curso para esclarecer o que provocou um dos piores colapsos energéticos da Europa recente.