O ambiente do trânsito urbano exerce uma carga constante de tensão sobre todos que circulam pelas vias, afetando de forma direta o equilíbrio emocional de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Sentimentos como estresse, irritação, angústia e ansiedade tornam-se comuns nesse contexto e, além de impactarem a saúde mental, contribuem para o aumento expressivo no número de acidentes.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil registrou um crescimento de 13,5% nos acidentes de trânsito entre os anos de 2010 e 2019. Diante desse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que os acidentes de trânsito representam uma das principais barreiras para o progresso sustentável das nações.
Ansiedade no trânsito
Um estudo realizado pelo Instituto de Transportes da Virginia Tech, nos Estados Unidos, aponta que motoristas em desequilíbrio emocional têm até dez vezes mais chances de se envolver em acidentes. Além das emoções intensas, fatores como fadiga, sobrecarga mental e distração também influenciam diretamente na adoção de comportamentos de risco ao volante.
O comportamento no trânsito, por sua vez, é um reflexo das dinâmicas sociais do dia a dia. Dirigir vai muito além da habilidade técnica — envolve lidar com frustrações, administrar emoções e manter o controle em situações de pressão. A rotina exaustiva e as exigências do setor contribuem para o aumento do desgaste emocional, favorecendo reações impulsivas e, muitas vezes, agressivas.
Além disso, o estresse no trânsito está enraizado em traços culturais, como o culto à velocidade, a impaciência e a dificuldade de aceitar contratempos. Essa combinação de fatores intensifica os atritos entre os usuários das vias, alimentando um ambiente hostil, onde a intolerância se torna cada vez mais presente e perigosa.
Como controlar as emoções
Para lidar com essas situações, é fundamental investir no desenvolvimento de competências emocionais e adotar medidas práticas, como planejar trajetos com antecedência, aplicar técnicas de respiração e promover uma educação viária baseada na empatia.
Projetos incentivam o autocontrole, a gestão da raiva e a construção de uma comunicação mais respeitosa no ambiente viário. A adoção de atitudes como o cumprimento das normas, a manutenção da serenidade e a escolha por não reagir de forma impulsiva são essenciais para tornar o trânsito mais seguro, cooperativo e menos propenso à violência.