O Banco Mundial aponta o Chile como um dos países da América Latina que mais se aproximaram da categoria de alta renda para trabalhadores nas últimas décadas.
Após profundas transformações econômicas e sociais, o país viu seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer de maneira consistente desde o fim do regime militar, consolidando-se como uma referência na região.
Entretanto, especialistas alertam que o crescimento econômico nem sempre refletiu em uma distribuição de renda justa para toda a população.
Transformações econômicas e sociais no Chile
O crescimento significativo da economia chilena teve início em 1986 e se intensificou a partir do governo de Patricio Aylwin (1990-1994), primeiro presidente eleito após o fim da ditadura.
De acordo com dados do Banco Mundial, durante sua gestão, o PIB chileno registrou uma média de crescimento de 7,3% ao ano. Governos subsequentes, como os de Eduardo Frei Ruiz-Tagle e Ricardo Lagos, mantiveram esse desempenho positivo, sustentando o chamado “período de ouro” da economia chilena.
Vale mencionar que parte do sucesso econômico se deve a reformas implementadas ainda durante a ditadura militar, com forte influência neoliberal dos “Chicago Boys”. O plano econômico, embasado pelo documento “El Ladrillo”, promoveu a abertura comercial, a desregulamentação dos mercados e a privatização de empresas estatais.
Isso porque a estratégia visava integrar o Chile de forma mais competitiva à economia global, estabelecendo acordos de livre comércio que hoje abrangem cerca de 80% do PIB mundial.
Além disso, outro detalhe importante é que a estabilidade fiscal tem sido uma prioridade para os sucessivos governos, o que proporcionou um ambiente seguro para investimentos e impulsionou o crescimento de setores variados da economia.
Desigualdade ainda é desafio para a América Latina
Apesar do avanço econômico, a desigualdade social no Chile continua sendo um obstáculo. De acordo com o Banco Mundial, o Coeficiente de Gini chileno em 2022 foi de 0,43, melhor do que os 0,53 registrados no ano 2000.
Isso indica uma tendência de redução das disparidades, mas especialistas e cidadãos relatam que a sensação de desigualdade ainda persiste, principalmente entre aposentados e trabalhadores informais.
É importante mencionar que o alto custo de vida e a precarização de alguns empregos têm acentuado essas dificuldades. Dessa forma, mesmo com índices de crescimento expressivos, muitos trabalhadores vivem com aposentadorias e salários insuficientes para manter uma qualidade de vida adequada.