A Universidade de Harvard, referência global em educação superior, tornou-se um dos epicentros da crise entre instituições acadêmicas e o governo dos Estados Unidos após a reeleição de Donald Trump.
Com políticas mais rígidas de controle migratório e cortes bilionários em verbas para universidades consideradas de viés progressista, o novo mandato do republicano está afetando diretamente a vida de estudantes estrangeiros, incluindo brasileiros.
Isso porque, em 2025, muitos deles estão declinando propostas de estágio internacional por receio de não conseguirem retornar aos Estados Unidos.
Na ONG brasileira ImpulsoGov, que tradicionalmente recebe estudantes de universidades americanas para períodos de trabalho presencial, o impacto já é visível. Com sede em São Paulo, a organização atua capacitando gestores públicos no uso de dados e tecnologia.
Segundo seu fundador, alunos selecionados para participar do programa têm desistido de viajar ao Brasil, citando orientações do Harvard International Office contra deslocamentos internacionais neste momento.
Políticas migratórias de Trump afetam mobilidade acadêmica
Desde o início do novo mandato de Donald Trump, medidas mais severas vêm sendo implementadas contra instituições consideradas ideologicamente adversárias. Harvard, por exemplo, perdeu mais de US$ 2,2 bilhões em verbas federais e está sob ameaça de perder sua isenção fiscal.
O governo alega que a universidade estaria promovendo “hostilidade aos valores americanos”, exigindo mudanças radicais em sua gestão interna, como auditorias externas e denúncias obrigatórias de estudantes “hostis”.
Além disso, há um clima generalizado de medo entre pesquisadores estrangeiros, que evitam até mesmo conceder entrevistas por receio de retaliações, como deportações ou cancelamentos de visto.
Vale mencionar que o Departamento de Educação dos EUA ainda não se posicionou publicamente sobre essas denúncias, o que acentua a insegurança no ambiente universitário.
Cresce o receio de represálias acadêmicas
É importante mencionar que, mesmo legalizados e com vínculos acadêmicos estáveis, diversos pesquisadores relatam insegurança em relação ao futuro. A incerteza sobre financiamento, status migratório e liberdade de expressão nas universidades tem levado muitos a repensarem a permanência no país.
Com isso, a reputação de instituições como Harvard começa a sofrer impactos reais, com possíveis perdas de talentos para a Europa e outros destinos considerados mais seguros.
Outro detalhe importante é que essa conjuntura pode representar um ganho indireto para países como o Brasil. Especialistas apontam que a evasão de cérebros dos EUA pode beneficiar nações que receberão profissionais altamente qualificados, formados em centros de excelência sem custos locais.