Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), mais de 157 mil brasileiros com doença renal crônica dependem da diálise para sobreviver. A condição, que provoca a perda progressiva e irreversível da função renal, prejudica a filtragem do sangue e a eliminação de resíduos do corpo.
Como os sintomas geralmente aparecem apenas em estágios avançados, muitos pacientes só recebem o diagnóstico quando já precisam iniciar o tratamento. A diálise pode ser feita de duas maneiras: a peritoneal, realizada em casa pelo paciente ou cuidadores, e a hemodiálise, realizada em hospitais ou clínicas.
Dialise em casa
Entre 2022 e 2023, o SUS registrou 171.882 atendimentos de diálise peritoneal, com repasse de R$ 46,5 milhões, enquanto a hemodiálise teve 36.438.905 atendimentos e recebeu R$ 9,3 bilhões. Apesar de viável para muitos pacientes, a peritoneal ainda é pouco adotada no Brasil.
A escolha do tratamento depende do quadro clínico e das condições do paciente. A diálise peritoneal exige a implantação de um cateter abdominal para filtrar o sangue, enquanto a hemodiálise, realizada em clínicas ou hospitais, utiliza uma máquina para esse processo.
A baixa adesão à peritoneal no SUS ocorre, em parte, devido ao financiamento insuficiente para cobrir custos com insumos e logística. O envio e armazenamento das bolsas de solução representam desafios para sua ampliação. O acesso ao tratamento no SUS começa com avaliação médica em uma UBS e, se indicado, encaminhamento a um nefrologista. O Ministério da Saúde afirma que a distribuição dos insumos cabe aos estados e municípios.
Limitações e prevenção
Segundo a nefrologista Maria Júlia Araújo, a diálise peritoneal é contraindicada em casos de cirurgias abdominais, comprometimento do peritônio, dificuldades motoras ou cognitivas e ambientes inadequados para armazenar os materiais com segurança. A escolha do tratamento deve ser individualizada, considerando o perfil e as preferências do paciente.
Para prevenir a doença renal crônica, é essencial manter hábitos saudáveis e realizar acompanhamento médico regular, especialmente para quem tem fatores de risco. A detecção precoce ajuda a desacelerar a progressão da doença, podendo evitar ou postergar a necessidade desse tratamento.