Embora existam várias substâncias que podem ser mortais se consumidas, elas geralmente não estão presentes na alimentação diária. No entanto, um alimento fundamental para cerca de 500 milhões de pessoas, incluindo muitos brasileiros, pode ser perigoso se não for preparado adequadamente.
A mandioca, uma planta típica de climas tropicais e nativa da América do Sul, é atualmente mais produzida na Nigéria. Anualmente, são cultivadas centenas de milhões de toneladas desse tubérculo para consumo. No entanto, partes da mandioca brava, como as raízes, casca e folhas, são naturalmente venenosas quando consumidas cruas, pois contêm cianeto de hidrogênio, uma substância extremamente tóxica para os seres humanos.
Perigos do alimento
A mandioca apresenta várias variedades, que se diferenciam quanto ao teor de amido, cor, textura e concentração da substância tóxica. A mandioca-de-mesa, de sabor mais doce, pode ter até 20 mg de cianeto por quilograma, enquanto a mandioca-brava, mais amarga, pode conter até 1.000 mg por quilograma, tornando-se extremamente perigosa para o consumo humano.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 pessoas morrem por ano devido à intoxicação pela mandioca. Apesar de ser classificado como um dos alimentos “mais mortais do mundo”, milhões de pessoas consomem a mandioca regularmente sem problemas, pois sua toxicidade pode ser neutralizada quando preparada corretamente.
As variedades com baixo teor de cianeto podem ser consumidas após um cozimento simples, enquanto as mais tóxicas exigem tratamentos industriais específicos para garantir sua segurança. O consumo do alimento cru ou mal preparado pode ser fatal e está associado ao aparecimento de ataxia, um distúrbio neurológico que afeta a coordenação motora e o equilíbrio.
Praga na plantação
Além dos perigos relacionados ao consumo inadequado, a mandioca enfrenta um desafio fitossanitário. O Ministério da Agricultura (Mapa) declarou estado de emergência nos estados do Amapá e Pará devido à infestação da praga Rhizoctonia theobromae, que ameaça as plantações.
A doença, detectada pela Embrapa em Oiapoque, provoca deformações nos ramos, enfraquece e mata as plantas, sendo propagada por mudas, ferramentas, solo e água. Para impedir sua propagação, o governo acionou equipes para monitoramento e controle. O ministro Carlos Fávaro ressaltou que a medida facilita uma resposta ágil, ajudando a evitar danos maiores.