O leite materno sempre foi sinônimo de nutrição ideal para recém-nascidos. Mas, nos últimos anos, uma tendência curiosa e controversa vem chamando atenção: adultos estão consumindo leite humano em busca de possíveis benefícios à saúde.
A prática, que começou a circular em comunidades de fisiculturistas e fóruns da internet, tem gerado debates entre especialistas, especialmente em relação à segurança e à ética envolvidas.
Adultos estão tomando leite materno e esse é o motivo
Entre os adeptos está Jameson Ritenour, um americano de 39 anos que revelou a BBC que começou a incluir leite materno na sua rotina durante a amamentação de seus filhos.
A princípio, usava o excedente da parceira em vitaminas e shakes. Segundo ele, o consumo coincidiu com um período de alta performance física, ganho de massa muscular e ausência de doenças.
A experiência o convenceu a continuar mesmo após o fim do relacionamento, passando a comprar o produto pela internet — uma decisão que levanta alertas entre médicos.
Apesar dos relatos empolgados de quem consome, especialistas ressaltam que não há comprovação científica de que o alimento materno traga benefícios reais para adultos.
É verdade que o líquido contém proteínas, anticorpos e outros compostos com propriedades imunológicas, mas seu efeito no organismo adulto ainda não foi estudado de forma conclusiva.
Além disso, a bebida vendida online frequentemente escapa de qualquer controle sanitário. Um levantamento feito em 2015 nos Estados Unidos apontou que grande parte das amostras compradas pela internet estavam contaminadas ou adulteradas.
Pesquisadores ainda estudam se há benefícios no leite materno para adultos
O interesse, no entanto, não é totalmente infundado. Pesquisadores vêm estudando os chamados oligossacarídeos do leite humano — fibras que alimentam bactérias benéficas no intestino — como possíveis aliados no combate a doenças como inflamação intestinal, câncer e até problemas cardíacos.
Esses estudos ainda estão em estágios iniciais, e nenhum deles recomenda o consumo direto de leite materno como forma de tratamento ou prevenção.
Além das dúvidas sobre os efeitos, há uma preocupação ética: o aumento da demanda por leite humano pode desviar um recurso essencial de bebês prematuros e recém-nascidos que dependem dele para sobreviver.
Para especialistas, o ideal seria que o leite excedente fosse doado a bancos regulados, garantindo que os mais vulneráveis tenham prioridade.
Por enquanto, a ciência observa com cautela — e muita ressalva — esse comportamento emergente.