A ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone Tebet, declarou durante entrevista na última terça-feira (25) que os preços dos alimentos devem começar a cair nos próximos dois meses.
Em sua participação no programa “Bom Dia Ministra”, da EBC, Tebet afirmou que as medidas adotadas pelo governo federal estão surtindo efeito e devem resultar em alívio para os consumidores já no curto prazo.
Ministra afirma que alimentos vão ficar mais baratos em 2 meses
Durante a conversa, Tebet explicou que a escalada dos preços dos alimentos foi causada principalmente por fatores externos, como as mudanças climáticas e quebras de safra, que afetaram tanto a produção nacional quanto a de outros países exportadores.
Produtos populares, como o café e os ovos, tiveram aumentos expressivos, o que impactou diretamente a mesa das famílias brasileiras. “Os alimentos que mais subiram são aqueles mais caros para o coração e para o paladar do povo brasileiro, como o ovo e o café”, afirmou.
Ainda assim, ela demonstrou otimismo com o desempenho do agronegócio e indicou que a próxima safra será determinante para a redução dos preços.
“O agronegócio vem forte este ano. Isso vai garantir sustentabilidade para o nosso PIB e ajudar no crescimento, na geração de empregos e no barateamento dos alimentos”, afirmou a ministra.
Ela também ressaltou que o governo tem sido cauteloso ao escolher as estratégias de enfrentamento da inflação nos alimentos. “Estamos adotando as medidas certas, na medida certa. Seria um erro tentar conter preços agora e provocar um estouro mais à frente”, argumentou.
Entre as ações destacadas, estão medidas do Ministério da Agricultura para facilitar a comercialização de produtos entre os estados, como a flexibilização da exigência de selos nacionais para a venda de ovos.
Segundo Tebet, bastaria o selo estadual para viabilizar a venda interestadual.
A ministra também apontou o papel dos estados na busca pela redução de preços, sugerindo que, mesmo que não seja possível isentar o ICMS da cesta básica durante o ano todo, isso poderia ser feito temporariamente.
“Com ajustes e cortes de gastos supérfluos, é possível abrir espaço para esse tipo de alívio”, defendeu.
Por que os alimentos ficaram mais caros?
Apesar das projeções positivas da ministra, os números mais recentes mostram que o preço dos alimentos tem crescido bem acima da inflação geral. Em 2024, o IPCA fechou o ano em 4,83%, enquanto o grupo de alimentos e bebidas acumulou alta de 7,69%.
A diferença mostra que a inflação dos alimentos não está ligada diretamente a um cenário de crise econômica, já que o país tem registrado crescimento consistente nos últimos anos, com queda no desemprego e melhora no consumo interno.
Os principais fatores por trás da alta dos preços dos alimentos incluem:
- eventos climáticos extremos no Brasil e no mundo, como secas e enchentes, que afetaram lavouras em várias regiões do país e comprometem o abastecimento do mercado nacional;
- a valorização do dólar no final de 2024 e início de 2025, que incentiva exportações e reduz a oferta interna, já que os produtores preferem vender pra fora e receber em dólar;
- e a alta global na demanda por produtos como carne, café e óleo de soja, impulsionados pelos dois fatores explicados acima.
Ao mesmo tempo, é necessário levar em consideração que os rendimentos dos brasileiros aumentaram com a recuperação do mercado de trabalho e a correção no salário mínimo, que estava defasado.
Isso tem gerado um aumento do consumo das famílias, que agora possuem mais dinheiro e crédito, situação que provoca a elevação natural dos preços, pois trata-se de uma demanda maior frente a uma oferta idêntica a dos anos anteriores, ou até mesmo menor em alguns casos.
De todo modo, embora o cenário atual seja desafiador, as medidas em andamento e a previsão da ministra de uma safra robusta trazem expectativa de alívio nos supermercados nos próximos meses.