Na orla de Santos, litoral paulista, um fenômeno que já se tornou parte do cenário urbano continua a avançar, mesmo que lentamente: a inclinação de prédios residenciais.
Segundo informações recentes da Prefeitura de Santos, algumas dessas construções estão se inclinando a uma média de um centímetro por ano, um dado que reacende a atenção sobre a segurança estrutural de imóveis erguidos há décadas.
Prédios em São Paulo entortam um centímetro ao ano
Os prédios inclinados de Santos são amplamente conhecidos, tanto por moradores quanto por visitantes. Apesar de hoje serem vistos quase como uma curiosidade turística, a realidade para quem vive nesses edifícios é mais incômoda do que exótica.
A inclinação progressiva não acontece por falha atual na construção, mas por um erro de cálculo do passado. Durante as décadas de 1950 a 1970, muitas edificações foram erguidas com fundações rasas, que não ultrapassavam os quatro metros de profundidade.
Na época, a engenharia civil ainda não tinha pleno domínio sobre as especificidades do solo da região — especialmente nas áreas costeiras, onde a camada superficial parece firme, mas esconde sedimentos instáveis abaixo.
Essa base frágil não resistiu ao peso das construções ao longo dos anos, o que levou ao deslocamento gradual de centenas de prédios.
Um levantamento aponta que 319 edifícios na cidade apresentam algum nível de inclinação, sendo 65 deles localizados na orla, onde o problema é mais acentuado.
Como prefeitura e moradores lidam com a inclinação dos prédios
Para lidar com a situação, o município adotou medidas legais e técnicas. A Lei Complementar nº 441, de 2001, determina que os prédios devem passar por vistorias técnicas periódicas, cujos laudos devem comprovar a estabilidade das estruturas.
Esses documentos são analisados para avaliar se há necessidade de intervenção imediata. De acordo com a administração municipal, nenhum dos edifícios monitorados atingiu o grau de risco que justificaria interdição.
Paralelamente, moradores e síndicos estão se organizando. Um grupo de representantes de condomínios da orla começou a se mobilizar para criar uma associação que viabilize acesso a linhas de financiamento público, como do BNDES ou até do Banco Mundial.
A proposta é buscar recursos para obras de estabilização, que hoje ficam sob responsabilidade exclusiva dos próprios condomínios.
Apesar do cenário incomum, autoridades garantem que os prédios seguem seguros — mas sob vigilância constante.