O estudo, chamado “O papel do calor solar na atividade sísmica”, foi publicado na revista Chaos: An Interdisciplinary Journal of Nonlinear Science e indica que o calor emitido pelo Sol pode influenciar a atividade sísmica da Terra.
Atualmente, cerca de uma em cada três pessoas no mundo está sujeita a terremotos, um índice que quase dobrou nas últimas quatro décadas. Esses eventos sísmicos provocam vítimas e geram bilhões de dólares em prejuízos econômicos, afetando casas, infraestruturas e redes de transporte. Por isso, é fundamental compreender o risco sísmico de uma área.
Terremotos e o Sol
A principal causa dos terremotos é o movimento das placas tectônicas da Terra, que gera o acúmulo de energia tensional, liberada posteriormente como tremores. No entanto, o gatilho exato para a ocorrência de um terremoto ainda permanece desconhecido. Nos últimos anos, estudiosos têm explorado outros fatores que poderiam contribuir para os tremores, como as forças das marés, as fases lunares, os eclipses solares e as mudanças climáticas.
Uma pesquisa recente, realizada pela Universidade de Tsukuba e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão, sugere que o calor emitido pelo Sol pode desempenhar um papel importante na atividade sísmica. Baseado em estudos anteriores que relacionavam a quantidade de manchas solares à ocorrência de terremotos, o novo estudo propõe que o aquecimento da superfície da Terra seja a principal causa dessa conexão.
Ligação e previsão
Por meio de técnicas computacionais e matemáticas, os pesquisadores analisaram dados sísmicos, registros da atividade solar e as temperaturas da superfície da Terra. Ao incorporar as temperaturas no modelo, perceberam que as previsões para terremotos rasos (com origem entre 0 e 70 quilômetros) se tornaram significativamente mais precisas.
De acordo com Matheus Henrique Junqueira Saldanha, principal autor do estudo, o calor proveniente do Sol modifica a temperatura da atmosfera, o que pode impactar as propriedades das rochas e o fluxo de água subterrânea. Essas alterações tornam as rochas mais vulneráveis e afetam a pressão nas falhas tectônicas, facilitando a ocorrência de terremotos.
Embora o efeito do calor solar seja sutil, ele pode aprimorar as metodologias de modelagem e previsão sísmica. Essa pesquisa traz uma nova visão sobre as origens dos terremotos e pode contribuir para o desenvolvimento de construções mais resistentes em áreas vulneráveis a esses fenômenos.