Nos últimos anos, a digitalização se transformou em uma forma de interação com o dinheiro e os pagamentos. A ascensão dos pagamentos por aproximação, a popularização de carteiras digitais e a dependência crescente de dispositivos móveis, como smartphones e relógios digitais, fizeram com que muitas pessoas questionassem o futuro do cartão físico.
No entanto, Nuno Lopes Alves, presidente da Visa no Brasil, esclarece que o cartão de plástico ainda tem uma longa vida pela frente. Para ele, a tecnologia de pagamento não precisa ser uma escolha entre físico ou digital. Ao contrário, ela deve ser um conjunto de opções que atenda às diversas necessidades dos consumidores.
Neste contexto, o presidente da Visa sublinha a importância de manter o cartão físico disponível enquanto houver exigência por ele, sem importar uma decisão unilateral sobre como as pessoas devem pagar.
Permanência do cartão físico
O primeiro ponto que Nuno Lopes Alves levanta é que não existe uma pressão para substituir os cartões físicos, enquanto a exigência por eles continuar. “O cartão físico, enquanto as pessoas quiserem usar, estará disponível”, afirma.
Esta visão reflete uma abordagem externa para a liberdade do consumidor, permitindo que cada pessoa escolha uma forma de pagamento mais confortável e segura para sua rotina. Isso é essencial, pois a transição para métodos digitais pode ser vista com resistência por uma parte da população, especialmente por questões de segurança, hábitos ou preferências pessoais.
Exemplo da Austrália
Ao citar a Austrália como exemplo, Nuno Lopes Alves mostra que, mesmo num país com alta penetração de tecnologia e dispositivos móveis, os cartões físicos continuam a ser amplamente usados. Segundo ele, “99,5% das transações na Austrália são feitas por aproximação, mas uma grande parte dessas transações é realizada com o cartão físico”.
Isso demonstra que, mesmo em um mercado altamente digitalizado, o cartão físico ainda tem um papel crucial nas transações cotidianas. O fato de a Austrália ter uma população com acesso a smartphones e relógios digitais, e mesmo assim os cartões físicos continuarem sendo uma escolha popular, ilustra a persistência de hábitos que não desaparecem da noite para o dia.
Papel da tecnologia
A comparação feita por Nuno Lopes Alves entre o sistema de pagamentos e um “canivete suíço” é uma metáfora poderosa. Assim como um canivete suíço oferece diversas ferramentas, a Visa acredita que deve oferecer várias opções de pagamento para atender a diferentes preferências. A tecnologia por si só não deve ditar o que é certo ou errado para os consumidores, mas sim proporcionar liberdade de escolha.
“A gente dá todas as opções, e o usuário vai adotar o que mais lhe convém”, explica. Isso significa que a Visa, assim como outras empresas do setor financeiro, está comprometida em garantir que tanto o cartão físico quanto as soluções digitais convivam de forma harmoniosa, permitindo que cada consumidor faça suas escolhas com base em suas necessidades.
Desafio da adoção digital
Embora as soluções de pagamento digital, como as carteiras digitais, sejam cada vez mais populares, o processo de adoção de novas tecnologias nem sempre é simples. Existem questões culturais e práticas envolvidas. Muitas pessoas ainda se sentem mais confortáveis com o cartão físico devido à familiaridade e sensação de controle.
Além disso, em algumas regiões, a infraestrutura de pagamentos digitais não está tão desenvolvida quanto em outras. Por exemplo, em áreas com menos acesso à internet de alta qualidade ou dispositivos móveis de última geração, o cartão físico continua sendo uma opção acessível e funcional.
Diversificação de pagamentos como tendência global
A Visa, com presença global, opera em mais de 200 países e permite que cada mercado tenha características próprias. O que funciona bem em um país pode não ser ideal em outro.
A diversificação das formas de pagamento permite à Visa oferecer uma gama de soluções que atendem tanto aqueles que preferem o cartão físico quanto aos que optam pelas tecnologias mais modernas. Isso reflete uma tendência global em que a flexibilidade e a adaptação são fundamentais para a liberdade das novas formas de pagamento.
Inovação e inclusão
Embora o cartão físico ainda tenha um papel importante, o futuro dos pagamentos será moldado pela inovação. No entanto, a inovação não significa substituir tudo o que já existe, mas melhorar e expandir as opções disponíveis para os consumidores.
A inclusão digital também desempenha um papel importante, pois o acesso às novas tecnologias deve ser universal, para que todos, independentemente de sua localização ou status socioeconômico, possam participar da economia digital de maneira plena.
O verdadeiro desafio das empresas de pagamentos será encontrar o equilíbrio entre inovação e tradição, garantindo que todos os consumidores, independentemente de suas escolhas, possam acessar soluções de pagamento práticas, seguras e eficientes.