Em um artigo para o The Washington Post, Kasha Patel destaca que apesar das temperaturas recordes que se tornam cada vez mais comuns, a perspectiva geológica revela que ainda estamos em uma era relativamente fria. Ironicamente, foi nesse ambiente que a humanidade se desenvolveu e prosperou.
Estudos sobre a história da Terra indicam que períodos de frio, como o atual, são exceção. De acordo com o biogeoquímico Ben Mills, da Universidade de Leeds, o planeta passou a maior parte de sua existência sob temperaturas mais altas. No entanto, isso não significa que essas condições seriam adequadas para a sobrevivência humana.
Geleiras no planeta
À medida que nos aproximamos de temperaturas registradas em eras geológicas passadas, cresce a dúvida sobre a capacidade da humanidade de se ajustar a um planeta sem gelo. Ao longo dos últimos 540 milhões de anos, a Terra alternou entre períodos de calor intenso e eras glaciais, cada uma persistindo por milhões de anos.
Pesquisas baseadas em registros fósseis revelam que a Terra esteve congelada em apenas 13% desse período, enquanto nos demais momentos predominavam temperaturas muito mais elevadas. Durante as chamadas fases de “Terra estufa”, os níveis de dióxido de carbono eram altos, enquanto nos períodos de “Terra casa de gelo”, a redução da concentração desse gás favorecia a formação de geleiras.
Os cientistas buscam compreender quais fatores levaram à queda do dióxido de carbono nos períodos mais frios da Terra. Pesquisas apontam que essa redução foi resultado de uma interação complexa entre diferentes processos, como variações na atividade vulcânica, formação de cadeias montanhosas e a ação de minerais e rochas na absorção do gás atmosférico.
Efeito humanidade
Sob condições naturais, a Terra levaria milhões de anos para retornar a um estado de estufa. No entanto, a atividade humana tem acelerado esse processo drasticamente. A queima de combustíveis fósseis libera dióxido de carbono em um ritmo sem precedentes, ameaçando a capacidade de adaptação da vida no planeta, incluindo a da própria humanidade.
Mudanças climáticas já estiveram por trás de extinções em massa, como a que levou ao desaparecimento dos dinossauros há 66 milhões de anos. A grande questão agora é se a humanidade será capaz de evitar um desfecho semelhante. Nossa evolução foi impulsionada pela adaptação a diferentes climas, mas a velocidade das mudanças atuais coloca essa capacidade à prova.