Enquanto o Brasil avança na expansão das redes 5G, a Lua se prepara para receber, ainda este ano, uma rede 4G. A escolha dessa tecnologia, apesar de mais antiga, se deve à sua estabilidade e confiabilidade para operações espaciais. Claudio Saes, consultor do Nokia Bell Labs, um dos apoiadores do projeto, explicou os motivos por trás dessa decisão e os benefícios esperados para futuras missões lunares.
A missão IM-2, encarregada de levar a rede 4G à Lua, tem previsão de lançamento a partir de 26 de fevereiro. O projeto é uma colaboração entre a Nokia, sua divisão de pesquisa Nokia Bell Labs e a Intuitive Machines, contando com o apoio da SpaceX para o transporte da carga.
4G da Nokia
Os equipamentos da rede 4G serão transportados em uma cápsula que também levará dois módulos da Intuitive Machines: um hopper, projetado para se mover saltando entre diferentes locais, e um rover. A missão busca explorar a superfície e as crateras lunares, utilizando a rede 4G para garantir a comunicação entre os dispositivos e a Terra.
A instalação da rede 4G na Lua também celebra o centenário do Nokia Bell Labs, um laboratório de pesquisa essencial para avanços tecnológicos que moldaram a era digital, incluindo sistemas operacionais com interfaces gráficas, o transistor e a fibra óptica.
Internet lunar
A presença de metais valiosos na Lua pode viabilizar a produção de eletrônicos e reatores de fusão, fornecendo energia para futuras explorações espaciais. A NASA já tem previstas as missões Artemis 2, em 2026, e Artemis 3, em 2027, que marcará o retorno de astronautas à superfície lunar.
Caso a rede 4G na Lua funcione conforme o esperado, ela poderá servir de referência para o uso em ambientes extremos na Terra, como a mineração em grandes profundidades. Entretanto, o projeto enfrenta desafios significativos, incluindo a radiação cósmica, o risco de colisões com meteoritos e a necessidade de um sistema autônomo de operação.
Espera-se que a rede 4G na Lua opere por até 10 dias, utilizando energia gerada por painéis solares. Durante esse tempo, facilitará a comunicação entre o módulo de pouso e os veículos exploratórios, transmitindo as informações para a Terra. Caso o experimento seja bem-sucedido, ele poderá viabilizar a criação de uma rede de maior cobertura no satélite no futuro.