O mercado imobiliário do Litoral Centro-Norte, especialmente em cidades como Itapema e Balneário Camboriú (BC), vive um momento de transição dramática. O que parecia ser uma verdadeira “corrida do ouro” nos últimos anos, com índices de valorização imobiliária altíssimos, agora dá lugar a um cenário de incerteza, com o fim da alta acelerada dos preços.
Pequenas e médias construtoras, que antes se beneficiavam de uma demanda frenética, agora enfrentam grandes desafios para manter a estabilidade do mercado.
O que aconteceu?
Nos últimos três anos, o mercado imobiliário do Litoral Centro-Norte viveu um período de valorização acelerada. Em Itapema, por exemplo, o Índice Fipe-Zap, que mede a variação dos preços dos imóveis, registrou os seguintes aumentos:
- 15,54% em 2022
- 19,42% em 2023
- 9,14% nos últimos 12 meses, até janeiro de 2024.
Esses números impressionantes refletiram um momento de alta procura por imóveis, impulsionado por fatores como a pandemia, mudanças no comportamento das pessoas, e o aumento da busca por imóveis de veraneio ou para moradia permanente no litoral. No entanto, com o fim de uma fase de crescimento exagerado, o mercado começa a mostrar sinais de desaceleração.
Impacto em Balneário Camboriú
Balneário Camboriú, que sempre foi um dos principais polos imobiliários da região, também vive a queda dessa valorização. Nos últimos anos, a série de aumento de preços foi de:
- 20,80% em 2022
- 9,46% em 2023
- 9,59% no fechamento de janeiro de 2024.
Esses índices indicam um enfraquecimento do mercado. O que antes parecia uma ascensão infinita de preços, agora começa a mostrar os primeiros sinais de estagnação ou até de queda. O reflexo disso é visível no comportamento dos investidores, que estão cada vez mais cautelosos ao aplicar no setor.
Desafios para pequenas e médias construtoras
Enquanto as grandes construtoras e incorporadoras podem ter maior resiliência para lidar com a desaceleração do mercado, as pequenas e médias empresas enfrentam desafios preocupantes.
Muitas delas estavam acostumadas com uma demanda impulsionada por preços elevados, e agora se veem forçadas a ajustar suas expectativas. A dificuldade em vender imóveis a preços elevados fez com que muitas delas precisassem rever suas estratégias, com risco de estagnação ou até de prejuízos.
Além disso, a dificuldade de acesso a crédito, junto com o aumento das taxas de juros, tem sido outro fator que afeta diretamente a capacidade de venda. Os consumidores, que anteriormente se sentiam mais confiantes em adquirir imóveis, agora mostram receio diante da alta dos custos de financiamento, fazendo com que muitos repensem a compra ou posterguem o investimento.
O futuro do mercado imobiliário da região
A principal dúvida que paira sobre o mercado imobiliário do Litoral Centro-Norte é como ele se comportará nos próximos meses. A expectativa é que a desaceleração continue, mas sem grandes quedas abruptas. Muitos analistas sugerem que o mercado está se ajustando a uma realidade mais equilibrada, onde o preço dos imóveis finalmente se aproxima de um patamar mais sustentável.
Outro ponto que pode contribuir para uma possível recuperação é a estabilização dos juros e o retorno gradual da confiança do consumidor, especialmente à medida que as taxas de financiamento começam a cair. Mesmo assim, é importante que os investidores e construtores estejam preparados para um mercado mais seletivo, onde qualidade, localização e preço justo serão fatores determinantes para o sucesso.
Embora o futuro seja incerto, a chave para os players do setor será a adaptação e a busca por novas oportunidades de negócio que garantam a estabilidade diante dessa nova realidade.