Pela primeira vez, o Brasil iniciará a produção nacional de ímãs de terras raras, componentes fundamentais para motores elétricos, turbinas eólicas e diversos equipamentos eletrônicos.
Trata-se de um passo significativo na indústria de tecnologia e energia sustentável, além de um avanço estratégico para a economia, reduzindo a dependência da importação e fortalecendo o papel do Brasil na cadeia global de suprimentos desses minerais essenciais.
Atualmente, mais de 90% da produção mundial de ímãs de terras raras está concentrada na China, que já anunciou restrições à exportação desses materiais.
Com a nova iniciativa, o Brasil não apenas se protege de eventuais crises de abastecimento, mas também se posiciona como um dos poucos países capazes de produzir esse item de alto valor agregado.
Ímãs de terras raras serão fabricadas no Brasil
A fabricação dos ímãs será realizada em Minas Gerais, no Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (Labfab ITR), adquirido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) por R$ 35 milhões.
O laboratório está localizado na cidade de Lagoa Santa e já estabeleceu parcerias com 16 empresas que atuam em diferentes etapas da cadeia produtiva, desde a mineração até o consumo dos ímãs.
A produção inicial está prevista para maio deste ano, com uma meta de cinco toneladas de ímãs fabricados até dezembro.
Nos anos seguintes, a capacidade será gradualmente ampliada, alcançando oito toneladas anuais a partir de 2026.
Caso necessário, o laboratório poderá dobrar sua capacidade produtiva, chegando a 200 toneladas anuais para atender à demanda do mercado nacional e internacional.
O que são as terras raras e por que são tão importantes?
As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos encontrados na crosta terrestre, utilizados na fabricação de uma ampla gama de produtos de alta tecnologia.
Entre eles, destacam-se o neodímio, o praseodímio e o disprósio, minerais essenciais para a produção de superímãs utilizados em turbinas eólicas, motores de veículos elétricos, discos rígidos, painéis solares, lâmpadas de LED e equipamentos médicos, como máquinas de ressonância magnética.
Embora o Brasil possua a terceira maior reserva mundial de terras raras, a exploração desses minerais sempre teve um papel secundário na economia do país.
Até agora, a maior parte da extração nacional era destinada à exportação, sem agregar valor ao produto final.
Com a fabricação local dos ímãs, essa realidade começa a mudar, permitindo que o Brasil aproveite melhor seus recursos naturais e amplie sua participação no mercado global.
Especialistas estimam que a demanda por terras raras crescerá até seis vezes até 2040, impulsionada pela expansão da mobilidade elétrica e das energias renováveis.
Diante desse cenário, a produção nacional de ímãs pode garantir ao Brasil uma posição de destaque no setor, gerando empregos, atraindo investimentos e contribuindo para a transição energética mundial.
A fabricação de ímãs de terras raras no Brasil é um marco para a indústria e representa uma oportunidade estratégica para consolidar o país como um player relevante no mercado global de tecnologia sustentável.