O telescópio espacial Euclides, da Agência Espacial Europeia (ESA), começou sua missão de seis anos em julho de 2023 para investigar o universo escuro. Nos testes iniciais, transmitiu imagens borradas para a Terra, chamando a atenção do cientista Bruno Altieri, que notou um detalhe incomum.
Altieri identificou um raro Anel de Einstein escondido na galáxia NGC 6505, localizada a 590 milhões de anos-luz da Terra. O anel surgiu devido à curvatura gravitacional da luz de uma galáxia distante, situada a 4,42 bilhões de anos-luz, que nunca havia sido registrada antes.
Lentes gravitacionais
O Anel de Einstein descoberto é um caso de lente gravitacional forte, onde a gravidade de um corpo massivo desvia a luz, tornando visíveis estruturas distantes que normalmente passariam despercebidas. Segundo Conor O’Riordan, do Instituto Max Planck, esses fenômenos são raros e cientificamente valiosos, com esse anel se destacando pelo alinhamento preciso e sua relativa proximidade com a Terra.
O telescópio Euclides tem como objetivo mapear um terço do céu, estudando bilhões de galáxias a distâncias de até 10 bilhões de anos-luz e detectando cerca de 100 mil lentes gravitacionais fortes. O estudo sobre o Anel de Einstein, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, pode contribuir para um melhor entendimento da energia escura, responsável pela expansão acelerada do cosmos.
Anel de Einstein
Em 1884, Lewis Swift identificou a galáxia NGC 6505, mas o Anel de Einstein permaneceu invisível devido às limitações da observação terrestre. Esse fenômeno, previsto por Einstein, ocorre quando a luz de uma galáxia distante se curva ao redor de um objeto massivo em primeiro plano, formando um círculo luminoso.
Conor O’Riordan destaca que poucos casos apresentam o alinhamento necessário para formar um Anel de Einstein, tornando essa descoberta rara e valiosa. O anel permitirá estudar com mais precisão a galáxia de fundo, revelando sua massa, composição e evolução.
A matéria escura, embora nunca detectada diretamente, influencia a luz e a estrutura do cosmos. Segundo Justin Spilker, da Universidade Texas A&M, o tamanho do Anel de Einstein reflete a massa total presente, incluindo estrelas e matéria escura. No caso desse anel, cerca de 90% da massa é composta por estrelas e 10% por matéria escura, um valor compatível com outras galáxias.