A venda crescente de produtos com “sabor café”, mas sem o grão tradicional, tem gerado preocupações na indústria cafeeira brasileira, especialmente diante dos altos preços do café torrado e moído. O preço do grão arábica alcançou US$ 3,8105 por libra-peso na bolsa de Nova York
Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em entrevista à Reuters, classificou o produto conhecido como “café fake” como uma tentativa óbvia de enganar os consumidores. Ele explicou que, recentemente, a Abic identificou a venda de pó com sabor, mas feito de partes da planta, como cascas, palha e folhas, em vez do grão tradicional.
‘Café fake’
Um exemplo desse tipo de produto, denominado Oficial do Brasil, apresenta na embalagem a frase “bebida sabor café tradicional”. Embora a embalagem deixe claro que não se trata do grão puro, a semelhança com os produtos tradicionais e o preço mais acessível podem levar o consumidor ao erro, alertou Silva.
Enquanto isso, o preço do produto ‘fake’ continua sendo consideravelmente mais baixo em comparação ao tradicional. Meio quilo desse produto é comercializado por aproximadamente R$ 13,99, enquanto o café tradicional custa em torno de R$ 30. Este não é o primeiro caso de “cafake” detectado pela Abic, que já havia criado um selo de pureza no passado para impedir a venda de grãos misturados com outros ingredientes, como milho torrado.
Polêmica
O aumento nos custos tem impulsionado o surgimento de produtos “fakes”, com os fabricantes repassando preços mais altos aos consumidores. A Abic alerta para o risco de outros produtores criarem itens semelhantes e destaca a necessidade de regulamentação da Anvisa para garantir a segurança alimentar. A associação já notificou o Ministério da Agricultura e a Anvisa sobre o caso.
A Master Blends, produtora do Oficial do Brasil, argumenta que seu produto é um “subproduto” do grão, com a embalagem deixando claro que se trata de uma bebida à base de café. A empresa reforça que não há intenção de enganar os consumidores e assegura ter a autorização da Anvisa para vender o item, destacando que não é necessária a aprovação do Ministério da Agricultura.