Recentemente, o governo federal suspendeu uma Instrução Normativa que ampliava a fiscalização de movimentações financeiras realizadas através do Pix e cartões, o que gerou uma série de debates e preocupações.
Essa decisão fez com que mais de 200 empresas deixassem de ser obrigadas a enviar os dados de movimentações financeiras de seus clientes à Receita Federal, um passo importante na luta contra crimes como lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
O que mudou com a revogação da norma?
- Suspensão do monitoramento: A Instrução Normativa que foi suspensa ampliava a obrigatoriedade do envio de dados para a Receita Federal para fintechs e instituições de meios de pagamento, como bancos virtuais e carteiras digitais. Antes da revogação, a medida visava aumentar a transparência das movimentações financeiras, com valores de R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para empresas sendo elevados para R$ 5 mil e R$ 15 mil, respectivamente.
- Exclusão das fintechs: Com a revogação, fintechs como Nubank, Mercado Pago, PagSeguro, PicPay e Shopee, além de outras instituições de pagamento, não são mais obrigadas a enviar os dados financeiros para a Receita Federal. Isso inclui empresas de grande porte que operam no Pix e oferecem produtos financeiros inovadores como cartões de crédito e máquinas de pagamento.
- O retorno à fiscalização menos abrangente : Agora, a fiscalização volta a ser limitada, como antes, com valores mais baixos para o envio de informações: R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para empresas. Essa mudança reduz o controle sobre as fintechs e abre uma lacuna na fiscalização de atividades financeiras que podem ser usadas para fins ilícitos.
Implicações para o combate a crimes financeiros
- Brechas para lavagem de dinheiro e sonegação: A suspensão do monitoramento pode facilitar a prática de crimes como lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, já que empresas de meios de pagamento e fintechs ficam fora do radar da Receita Federal. Com menos dados sendo compartilhados, a fiscalização se torna mais difícil, criando um ambiente propício para atividades fraudulentas.
- Impacto nas pequenas empresas e empreendedores: Embora a revogação da norma não tenha sido focada diretamente no pequeno empreendedor, há uma preocupação com a falta de supervisão sobre os dados financeiros de empresas menores. A Receita Federal já havia explicado que o objetivo da regra era identificar irregularidades em negócios informais ou ilegais que, muitas vezes, migraram para o uso de fintechs e sistemas de pagamento digital para movimentação de recursos.
Em um cenário onde o uso de meios de pagamento digitais cresce rapidamente, a regulação eficaz e o monitoramento contínuo se fazem mais necessários do que nunca. A falta de uma fiscalização rigorosa pode resultar num ambiente mais vulnerável à fraude e à evasão fiscal, colocando em risco a integridade do sistema financeiro nacional.