A investigação sobre o surto de gastroenterite que atingiu o litoral de São Paulo no fim de 2024 segue sem uma conclusão definitiva sobre sua origem, apesar dos esforços das autoridades de saúde.
O surto, que afetou especialmente os municípios de Praia Grande e Guarujá, gerou uma onda de atendimentos médicos e preocupações entre a população devido aos sintomas de diarreia, náuseas, vômitos e cólicas. Embora o norovírus tenha sido identificado em fezes humanas coletadas nas regiões afetadas, a análise da água potável descartou que ela tenha sido a fonte de contaminação.
O papel das autoridades de saúde na investigação
O foco da investigação está sendo conduzido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), que colaborou com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Sabesp e os municípios da Baixada Santista.
Inicialmente, havia a hipótese de que a água potável pudesse estar contaminada com o norovírus ou outros patógenos, mas os resultados mais recentes indicam que esse não é o caso. A água das praias e a água potável nos municípios afetados foram analisadas, sem encontrar vestígios do vírus ou outros agentes causadores.
Regiane de Paula, coordenadora da Coordenadoria de Controle de Doenças da SES-SP, destacou a importância da investigação para identificar a verdadeira fonte do surto. Ela também enfatizou que o trabalho conjunto com os municípios e a Cetesb é importante para fornecer uma resposta eficiente e evitar novos casos.
A Secretaria de Saúde está monitorando de perto a situação, realizando reuniões técnicas com autoridades locais para discutir medidas preventivas e protocolos de vigilância.
O aumento de praias impróprias para banho
Simultaneamente à investigação sobre o surto, foi identificado um aumento no número de praias impróprias para o banho no litoral paulista, o que pode ter contribuído para a disseminação de doenças infecciosas. A Cetesb, responsável pelo monitoramento da qualidade da água das praias, registrou um aumento no número de locais classificados como impróprios para o banho, passando de 38 para 51 praias.
Essa situação foi atribuída principalmente às fortes chuvas que ocorreram nas primeiras semanas do ano, que arrastaram poluentes para o mar, além do aumento do número de turistas nas praias durante a temporada de verão.
A situação se mostrou mais crítica nas praias do litoral Norte e da Baixada Santista, regiões com maior incidência de casos de gastroenterite. As praias de Perequê e da Enseada, no Guarujá, e várias praias de Praia Grande estão entre as mais afetadas, com altos índices de poluição, o que representa um risco para a saúde pública.
As autoridades orientaram os banhistas a evitarem o contato com a água nessas áreas, principalmente porque a exposição pode agravar a disseminação de doenças como a gastroenterite.
Norovírus
O norovírus é conhecido por ser a principal causa viral de gastroenterite em todo o mundo. Sua transmissão ocorre por meio do contato com alimentos contaminados, água ou superfícies infectadas, além do contato direto entre pessoas.
A infecção causada por esse vírus provoca sintomas típicos como vômitos, diarreia intensa e, em alguns casos, febre alta. Embora o vírus tenha sido detectado em fezes humanas nas regiões afetadas, ainda não foi possível traçar sua origem com precisão, e a água potável foi descartada como fonte de contaminação.
O Hospital Israelita Albert Einstein, que acompanha casos de gastroenterite, alerta que o surto de norovírus tem o potencial de se espalhar rapidamente, especialmente em locais com grande concentração de pessoas, como praias e eventos turísticos.
As autoridades de saúde têm se esforçado para orientar a população quanto aos cuidados necessários para evitar a propagação do vírus, destacando a importância de higienizar as mãos frequentemente e de evitar o consumo de alimentos ou água em locais de risco.
O impacto social e as medidas preventivas
O surto de gastroenterite no litoral paulista não só gerou preocupação entre os banhistas e turistas, mas também afetou o sistema de saúde local, que registrou aumento no número de atendimentos de emergência relacionados aos sintomas de gastroenterite. As autoridades de saúde enfatizam que, embora o surto tenha sido temporário, ele destaca a importância de medidas preventivas contínuas, especialmente em períodos de alta concentração de turistas nas praias.
O trabalho de vigilância e monitoramento de águas e alimentos continuará sendo uma prioridade para evitar novos surtos. As autoridades de saúde também destacam que a conscientização da população sobre os riscos de contaminação é fundamental para reduzir a propagação de doenças infecciosas como a gastroenterite.
A situação ressalta, mais uma vez, a importância de práticas adequadas de higiene e da responsabilidade tanto de banhistas quanto dos órgãos públicos na manutenção da qualidade da água e da saúde pública.