Em janeiro deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a proibição da venda de várias marcas de café em supermercados e outros comércios do Brasil. A medida foi adotada após a constatação de irregularidades na fabricação, incluindo a presença de substâncias não autorizadas, como mulungu e terpenos, nos produtos.
A ação, iniciada em dezembro de 2023, impactou principalmente as marcas de café produzidas pela empresa Café Blends do Brasil. A Anvisa tomou essa decisão após um monitoramento que detectou a presença dessas substâncias, as quais não são autorizadas para consumo alimentar no Brasil.
Cafés proibidos
O mulungu é um sedativo natural que não possui regulamentação para o uso em alimentos, enquanto os terpenos, compostos derivados de plantas, também não são permitidos para consumo alimentar sem restrições. Como resultado, foi determinada a retirada dos seguintes produtos do mercado:
- Café Berry White Decaf em grãos
- Orange California em grãos
- Lime Kush em grãos
- Berry Night Decaf moído
- Sunset Califórnia moído
- Orange California moído
- Morning Kush moído
Além disso, a produção, comercialização e divulgação de itens como o “Café Mushroom Espresso” e os suplementos “Café Funcional Smush Smart Mushrooms” e “Powder Shot” foram suspensas. Esses produtos continham cogumelos como Lion’s Mane, Chaga e Turkey Tail, que não foram avaliados quanto à segurança para consumo alimentar. A Anvisa também constatou que as alegações de benefícios para a saúde, como melhorias na memória e saúde mental, eram infundadas, configurando uma prática irregular.
Selo de pureza
O grão foi introduzido no Brasil em 1727 e, com o trabalho dos colonos e barões do café, o país se tornou o maior produtor mundial a partir de 1880. Hoje, a produção gera US$ 4,5 bilhões anuais e cerca de 5 milhões de empregos.
O consumo interno é de 9,3 milhões de sacas por ano, mas o consumo per capita vem caindo desde 1965. Para reverter isso, a ABIC criou, em 1989, o Selo de Pureza ABIC para combater fraudes e melhorar a confiança no produto.
Antes do selo, adulterações como a adição de milho e cevada eram comuns, mas caíram significativamente desde 1987. Atualmente, apenas 3% das amostras analisadas contêm misturas. O selo garante que o café é 100% puro, mas não assegura o sabor, que é subjetivo.