Os estádios com capacidade para mais de 20 mil espectadores devem operar com sistemas de reconhecimento facial para controlar o acesso do público.
A exigência, prevista na Lei Geral do Esporte, publicada em junho de 2023, estabelece um novo padrão de segurança e identificação digital em arenas brasileiras, promovendo avanços no combate a fraudes e reforçando a proteção dos torcedores.
De acordo com o Art. 148: “O controle e a fiscalização do acesso do público a arena esportiva com capacidade para mais de 20.000 (vinte mil) pessoas deverão contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores, assim como deverá haver central técnica de informações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente e o cadastramento biométrico dos espectadores“.
O prazo para a implementação integral dessa tecnologia se encerra dois anos após a publicação da lei, ou seja, até junho de 2025, todos os estádios dentro do critério de capacidade devem estar adaptados.
A nova regulamentação impacta diretamente a rotina dos clubes e a experiência dos torcedores, com efeitos práticos já percebidos em diversas cidades do país.
Segurança e controle como prioridade

Com a chegada da tecnologia de reconhecimento facial, os estádios ganham uma ferramenta poderosa de monitoramento em tempo real. A meta é clara: tornar o ambiente mais seguro, coibir ingressos falsificados e facilitar a identificação de indivíduos proibidos de frequentar eventos esportivos.
Segundo Tironi Ortiz, CEO da empresa Imply, responsável por implantar a tecnologia em mais de dez arenas nacionais, o sistema utiliza inteligência artificial para mapear mais de 100 pontos da face de cada pessoa, garantindo uma taxa de precisão de 99,9%.
Além disso, o software foi o primeiro a se integrar ao sistema CORTEX, do Ministério da Justiça, o que permite validação biométrica cruzada com bancos de dados governamentais. O processo inclui o envio de documento oficial e registro facial pelo torcedor, com confirmação de identidade em tempo real.
Investimentos altos e soluções personalizadas
A instalação do sistema completo — que inclui catracas inteligentes, servidores dedicados e módulos de leitura facial — pode custar entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, dependendo da infraestrutura existente de cada estádio. Alguns locais, como o Kleber Andrade, ultrapassaram esse teto, investindo mais de R$ 5 milhões no projeto.
As soluções são adaptáveis: enquanto alguns clubes optam por comprar os equipamentos, outros preferem pagar por uso, com valores fixos por torcedor registrado.
Há também planos com suporte técnico contínuo e integração com os sistemas de CFTV, permitindo rastreamento preciso dentro das arquibancadas.
A evolução nas principais arenas do país
A maioria dos estádios de grande porte já finalizou ou está em fase avançada de implantação. Confira:
- Maracanã (RJ): sistema 100% funcional em todos os setores até o fim de junho.
- Neo Química Arena (SP): em fase final de instalação; retomada dos jogos prevista para julho.
- Mineirão (MG): reconhecimento facial ativo em todas as 128 catracas.
- Allianz Parque (SP): pioneiro global no uso de biometria facial total desde 2023.
- Arena Fonte Nova (BA): operação plena desde junho; oferece suporte digital diário aos usuários.
- Castelão (CE), Beira-Rio (RS) e Arena MRV (MG): já operam com sistema integrado e pronto para uso.
- Arena da Amazônia (AM): em processo de licitação.
- Prudentão (SP): não confirmou implementação até o momento.
Outras arenas como o Mané Garrincha (DF) e a Arena de Pernambuco estão ajustando os últimos detalhes para se adequar à norma federal antes do prazo final.
Mais que controle: um novo padrão de experiência para o torcedor
O uso da tecnologia de reconhecimento facial nos estádios brasileiros vai além da segurança. A proposta é transformar o acesso em um processo mais ágil, transparente e seguro, com redução de filas, eliminação de bilhetes físicos e aumento da confiança nas partidas de grande porte.
A partir de agora, frequentar uma partida de futebol em grandes arenas passa a ser também uma experiência de inovação tecnológica — onde o torcedor é identificado pelo rosto, e não pelo papel.
* Com informações do GE.