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Mulher viveu em situação análoga à escravidão por 22 anos no Brasil

Por Leticia Florenço
15/06/2025
Em Colunas, Mais Tendências
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O recente resgate de uma mulher de 34 anos em Manaus expõe, mais uma vez, a persistência de práticas que remontam aos períodos mais sombrios da história brasileira: a escravidão.

Apesar de oficialmente abolida em 1888, a escravidão ressurge com novos rostos e disfarces, muitas vezes dentro de lares urbanos, como no caso da vítima resgatada após 22 anos de trabalho forçado.

A face invisível do trabalho doméstico

Levando em consideração que a vítima foi levada à residência de seus exploradores com apenas 12 anos, sob a promessa de estudar e cuidar de uma idosa, o caso também revela como a exploração se mascara de cuidado e acolhimento.

O discurso de que ela “fazia parte da família” serviu para naturalizar a ausência de salário, a falta de registro profissional e o isolamento. A precarização do trabalho doméstico, em especial quando exercido por mulheres negras, pobres e vindas do interior, continua sendo um ponto cego da sociedade.

O ciclo do silêncio e da invisibilidade

Durante mais de duas décadas, a mulher viveu sob condições degradantes: realizava todas as tarefas da casa, trabalhava descalça, sem acesso a itens básicos de higiene ou mesmo a uma cama digna. Seu quarto não oferecia privacidade, não havia ar-condicionado, guarda-roupas ou conforto.

Essa realidade só veio à tona graças à atuação de órgãos de fiscalização, como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Federal (PF) e a Defensoria Pública da União (DPU).

O silêncio prolongado da vítima e a omissão da vizinhança ou da sociedade ilustram o quanto a escravidão moderna é invisível e naturalizada.

A cultura do “favorecimento” e da submissão

Muitas vezes, a relação entre empregador e trabalhador doméstico é baseada numa ideia de “gratidão”. A vítima é convencida de que deve aceitar a exploração por estar recebendo “moradia” e “comida”. Esse tipo de pensamento perpetua um modelo de servidão disfarçado de benevolência.

No caso de Manaus, os pagamentos esporádicos e irrisórios jamais compensaram a total falta de liberdade e dignidade enfrentada pela vítima. A promessa de educação, jamais cumprida, mostra como sonhos e direitos são utilizados como iscas para aprisionar pessoas em relações de poder abusivas.

O papel do estado e dos órgãos fiscalizadores

O resgate da vítima foi resultado direto da atuação integrada entre diversas instituições. A existência dos Grupos Especiais de Fiscalização Móvel desde 1995, que já libertaram mais de 65 mil trabalhadores de condições análogas à escravidão, mostra que o combate a essa prática é uma política pública fundamental.

No entanto, a eficácia dessas ações ainda é limitada quando comparada ao número real de vítimas, muitas das quais permanecem invisíveis. É necessário fortalecer os mecanismos de denúncia, ampliar a fiscalização em áreas urbanas e criar políticas específicas de reinserção social e econômica para as vítimas.

As feridas psicológicas da escravidão

A liberdade física não encerra o sofrimento de quem foi escravizado. A mulher resgatada recebeu apoio psicossocial da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, mas o trauma psicológico de ter sua infância, juventude e parte da vida adulta roubadas não será facilmente curado.

O rompimento com a identidade, a culpa internalizada, a ausência de escolarização e o afastamento da família biológica deixam marcas profundas. É fundamental compreender que o resgate não é o fim do processo, mas o início de uma longa jornada de reconstrução da autonomia e da autoestima.

Resgatar uma vítima é fundamental. Garantir que mais nenhuma pessoa seja reduzida à condição de objeto, é o verdadeiro desafio civilizatório.

Leticia Florenço

Leticia Florenço

Filha da Terra da Luz, jornalista pela Universidade de Fortaleza (Unifor).

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