No dia 21 de maio de 2025, o ministro dos Transportes do Brasil, Renan Filho, realizou uma reunião estratégica com representantes da National Railway Administration (NRA), autoridade ferroviária da China.
O principal objetivo foi fortalecer a cooperação bilateral no setor ferroviário, visando impulsionar projetos de infraestrutura que poderão transformar a logística do país e da América do Sul.
Este encontro reforça a crescente importância do relacionamento entre Brasil e China, especialmente em setores estratégicos como transportes, onde a expertise chinesa e o capital internacional são vistos como fundamentais para viabilizar grandes empreendimentos.
Projetos estruturantes
A pauta central da reunião girou em torno de dois projetos ferroviários que estão em andamento no Brasil:
- Ferrovia de integração Centro-Oeste (Fico): Com 383 km, esta ferrovia ligará Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), interligando o agronegócio do Centro-Oeste à malha ferroviária nacional, facilitando o escoamento para portos no Sudeste e Nordeste. A obra está sendo executada pela Vale como contrapartida pela renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas.
- Ferrovia de integração Oeste-Leste (Fiol): Com cerca de 1.527 km previstos, divididos em três trechos, esta ferrovia conecta a região oeste da Bahia ao Tocantins. O trecho Ilhéus-Caetité está em fase final de construção, operado pela Bahia Mineração (Bamin). Os trechos seguintes ainda estão em desenvolvimento.
Ambas as ferrovias são fundamentais para ampliar a capacidade logística do Brasil, conectando regiões produtoras ao sistema portuário nacional, reduzindo custos de transporte e aumentando a competitividade das exportações brasileiras.
Corredor bioceânico
A iniciativa maior que envolve os projetos ferroviários é a criação de um corredor bioceânico que ligará o Porto Sul, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru. Essa rota será um marco na integração logística da América do Sul, possibilitando uma conexão direta entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Esse corredor reduzirá distâncias e custos para o escoamento de commodities brasileiras, especialmente para os mercados asiáticos, com destaque para a China, que tem grande interesse comercial na região.
Papel estratégico dos portos
- Porto Sul (Bahia): Considerado o ponto de partida no Brasil, o Porto Sul será integrado às ferrovias Fiol e Fico, fortalecendo o fluxo de exportação pelo litoral baiano e conectando o interior do país às rotas internacionais.
- Porto de Chancay (Peru): Em construção com participação chinesa, o porto será a porta de entrada para o comércio com a Ásia, especialmente o mercado chinês, e ponto de ligação do corredor bioceânico no lado do Pacífico.
A complementaridade desses portos é essencial para garantir a fluidez e a competitividade da nova rota logística.
Interesses e participação da China
A National Railway Administration demonstrou interesse em participar dos processos licitatórios para a concessão das ferrovias brasileiras, analisando estudos técnicos apresentados pelo governo. A China vê nessa parceria uma oportunidade para expandir sua presença em projetos logísticos estratégicos, levando capital, tecnologia e know-how.
O governo brasileiro busca com essa interlocução atrair investimentos estrangeiros e expertise técnica, acelerando a execução das obras e modernizando a infraestrutura nacional.
Desafios e próximos passos
Embora o projeto seja promissor, ainda existem desafios a serem superados:
- Definição do traçado final do corredor bioceânico, que poderá envolver outros países como Bolívia e Paraguai.
- Captação de recursos e estruturação dos leilões para concessão das ferrovias.
- Harmonização técnica e regulatória entre os países envolvidos.
O Ministério dos Transportes já anunciou que novas rodadas de negociação estão previstas para aprofundar os estudos e definir formatos de parceria, fortalecendo a cooperação com a China.