Vazamentos recentes de áudios enviados por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), revelam que o militar demonstrava forte preocupação com a possibilidade de ser preso caso o Partido dos Trabalhadores (PT) vencesse as eleições de 2022.
Nas gravações, obtidas pela coluna do jornalista Aguirre Talento, do portal UOL, Cid expressa temor pessoal com a eventual volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, descrevendo um cenário que ele acreditava que poderia ser de perseguição e instabilidade.
Cid temia prisão se PT vencesse, revela áudio enviado à família
Nas mensagens de voz compartilhadas com familiares durante o período eleitoral, Cid associa uma possível vitória de Lula a um risco iminente de prisão.
Em um dos trechos, ele afirma: “Eu tô preocupado, até com a minha segurança, que eu sei que eu vou ser preso se o Lula voltar. Eu sei que eu vou ser preso sem ter culpa nenhuma”.
Em tom dramático, acrescenta que se tornaria um “bode expiatório” e que ninguém seria capaz de protegê-lo. Segundo ele, nem mesmo o Exército conseguiria impedir sua detenção em um novo governo petista.
Ainda nos áudios, Cid descreve um Brasil “à beira do colapso” caso o PT reassumisse o poder.
Sem apresentar evidências, acusa os governos anteriores do partido de protagonizarem um esquema de corrupção que teria movimentado mais de R$ 1,5 trilhão envolvendo instituições como Petrobras, BNDES e Caixa Econômica Federal.
Em sua narrativa para causar pânico em familiares e amigos e convence-los a votar em Bolsonaro, ele disse que o Brasil não resistiria a mais um mandato petista e rumaria para um cenário comparável ao da Venezuela.
Mauro Cid foi preso em 2023 e delatou esquema golpista de Bolsonaro e parte das Forças Armadas
Mauro Cid foi preso em maio de 2023 no contexto de uma investigação da Polícia Federal sobre a falsificação de registros de vacinação contra a covid-19.
Desde então, tornou-se peça central em apurações mais amplas, que abrangem desvio de bens públicos no exterior e articulações de caráter golpista.
Ao fechar um acordo de delação premiada, Cid revelou que Jair Bolsonaro teria discutido com comandantes militares a possibilidade de impedir a posse de Lula, que saiu vencedor nas urnas em outubro de 2022.
A existência de uma minuta de decreto para reverter o resultado das eleições passou a ser investigada como indício de tentativa de ruptura institucional.
As revelações do ex-ajudante de ordens se somam a outros elementos que sustentam a denúncia de que setores do governo anterior, aliados a militares de alta patente, planejaram um golpe de Estado.