No Japão, uma pesquisa liderada por Ikuri Matsuoka, da Universidade Kumamoto, destacou como a acústica das salas de aula pode influenciar a educação, o bem-estar e o desenvolvimento de crianças em idade pré-escolar. Durante seis meses, o estudo comparou duas turmas: uma em uma sala tradicional e outra em um ambiente com teto acústico revestido por painéis de poliéster, que absorvem o som.
Os resultados mostraram que essa intervenção acústica reduziu significativamente o nível de ruído, facilitou a comunicação entre professores e alunos e ajudou a diminuir o estresse das crianças. Para avaliar esses efeitos, os pesquisadores realizaram entrevistas com quatro educadores e coletaram gravações em áudio e vídeo das atividades diárias das crianças, permitindo uma análise detalhada do impacto do ambiente sonoro.
Teto, ruído e ensino infantil
Três dos professores notaram claramente a diminuição da reverberação na sala equipada com o teto acústico, enquanto uma docente com 25 anos de experiência destacou que se sentiu mais confortável para se comunicar com as crianças.
Além disso, a aplicação de inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquina permitiu a identificação automática de momentos em que as crianças choravam, possibilitando um acompanhamento mais preciso das mudanças no comportamento ao longo do tempo.
Resultados para a educação
Os achados do estudo ressaltam a importância de se dar mais atenção à qualidade acústica das salas de aula, já que a falta de padrões adequados pode prejudicar o desenvolvimento das crianças na educação — um aspecto ainda pouco valorizado por educadores, arquitetos e responsáveis por políticas públicas.
A pesquisa foi apresentada durante a 188ª Reunião da Sociedade Acústica da América e no 25º Congresso Internacional de Acústica, enfatizando a relevância de ambientes acústicos cuidadosamente planejados para favorecer tanto o aprendizado quanto o bem-estar dos pequenos em idade pré-escolar.
Contexto do Japão
No Japão, grande parte das salas de aula carece de materiais ou estruturas que absorvam o som, gerando espaços com elevada reverberação acústica. Essa condição prejudica a clareza da comunicação entre professores e alunos, especialmente entre crianças pequenas que ainda estão em processo de aquisição da fala e têm dificuldade para filtrar sons externos. Quando não conseguem entender o que é falado, essas crianças acabam falando mais alto, criando um ciclo de barulho que eleva o estresse no ambiente e pode desencadear episódios de choro.