Um estudo recente publicado na revista “Space Weather” sugere que o Sol está entrando em um período de alta atividade que pode durar várias décadas. A pesquisa, intitulada “Turnover in Gleissberg Cycle Dependence of Inner Zone Proton Flux” e publicada em março, analisa mudanças nos ciclos solares que indicam essa nova fase mais intensa.
Esse aumento na atividade solar deve provocar auroras boreais mais frequentes e intensas — fenômenos luminosos que normalmente ocorrem perto dos polos, mas que têm sido observados em latitudes médias, como nos Estados Unidos e na Europa. Isso significa que regiões antes pouco comuns para esse fenômeno podem passar a presenciar essas luzes naturais com maior regularidade.
Aumento dos fenômenos
Os pesquisadores estudaram mais de 40 anos de dados de satélites da NOAA que orbitam a Terra e atravessam a Anomalia do Atlântico Sul (SAA), uma região com campo magnético mais fraco que permite a entrada de partículas espaciais, funcionando como uma “janela” para monitorar a radiação na zona interna dos cinturões de radiação.
A análise mostrou que, após décadas de aumento no fluxo de prótons, houve uma queda acentuada a partir de 2022, no início do ciclo solar 25, devido ao aquecimento e expansão da atmosfera causada pelo aumento da radiação solar, que facilita a perda dessas partículas.
Esse padrão segue o Ciclo Centennial de Gleissberg (CGC), uma oscilação de 80 a 100 anos na atividade solar. Segundo o estudo, o Sol saiu de um longo período de baixa atividade e está entrando numa fase crescente, que pode trazer ciclos solares mais intensos nas próximas décadas. Com isso, a frequência e intensidade das tempestades geomagnéticas aumentam, promovendo auroras boreais mais visíveis em latitudes médias.
Observações extras
Embora os resultados sejam promissores, especialistas alertam que ainda é cedo para confirmar essa fase de alta atividade solar sem mais estudos. Além de intensificar as auroras, essas mudanças afetam satélites, comunicações e redes elétricas.
A redução do fluxo de prótons na Anomalia do Atlântico Sul pode diminuir riscos para satélites, mas o aumento das tempestades solares pode causar interrupções tecnológicas. Entender esses ciclos é essencial para planejar missões espaciais, proteger infraestruturas e ampliar o interesse no fenômeno das auroras.