Em 2023, a Microsoft anunciou uma das maiores aquisições da história dos videogames com a compra da Activision Blizzard.
O objetivo principal, declarado por Satya Nadella e outros executivos, era expandir a presença da Microsoft no mercado de jogos, especialmente na plataforma mobile, um mercado em rápida expansão, dominado por Android e iOS.
A expectativa criada pela compra envolvia a chegada da tão aguardada Loja Xbox para dispositivos móveis, que prometia revolucionar a forma como os jogos da Microsoft seriam consumidos fora do PC e dos consoles Xbox.
Promessas não cumpridas
Sarah Bond, presidente da Xbox, afirmou que a loja móvel estaria disponível já em julho de 2024. Passados vários meses, nada foi lançado oficialmente, e a frustração dos consumidores e investidores começou a crescer.
O atraso causou questionamentos internos e externos, e a Microsoft apontou a dedo a Apple, responsabilizando a gigante de Cupertino pelo bloqueio na implementação da loja.
A Apple e o controle rigoroso sobre a App Store
A Apple mantém políticas rígidas para sua App Store, com foco em preservar seu ecossistema e, não menos importante, a receita proveniente das taxas de transações realizadas por meio da loja oficial.
Estas políticas proíbem o uso de métodos de pagamento alternativos dentro dos aplicativos, forçando desenvolvedores e empresas a utilizarem o sistema da Apple e pagarem uma taxa que pode chegar a 30%.
Esse controle extremo da Apple gera conflitos diretos com empresas que desejam maior liberdade e menores custos para distribuir e comercializar seus produtos.
Conflito judicial
Em um movimento estratégico, a Microsoft entrou com um pedido de amicus brief (memorando de “amigo da corte”) para apoiar a Epic Games na disputa contra a Apple.
A Epic conseguiu, através de uma liminar judicial, o direito de anunciar métodos de pagamento alternativos e até permitir o uso de seu próprio sistema dentro do jogo Fortnite, algo que abriu precedente para outras empresas, incluindo a Microsoft.
Porém, mesmo com essa decisão, a Apple não afrouxou sua postura. Implementou novas políticas anti-direcionamento, dificultando a comunicação da Microsoft com seus usuários e impondo barreiras econômicas e técnicas para o lançamento da loja móvel Xbox.
Barreiras técnicas e econômicas
A Microsoft alega que a Apple está dificultando não só a oferta de métodos de pagamento alternativos, mas até mesmo a divulgação desses métodos para o público.
Isso significa que, mesmo com a permissão judicial, a Microsoft não pode informar aos usuários do iOS que existem outras formas de comprar jogos e conteúdos fora da App Store, inviabilizando o modelo de loja Xbox Mobile.
Esse cenário cria uma limitação que vai muito além da simples disputa por taxas, é uma questão de controle sobre o mercado mobile e a liberdade de escolha do consumidor.
Impacto no aplicativo Xbox para iOS e no futuro dos jogos na nuvem
Além da loja, o conflito afeta também funcionalidades do aplicativo Xbox no iOS. A Microsoft deseja permitir que usuários possam comprar e transmitir jogos via streaming diretamente pelo app, integrando a nuvem e outros dispositivos.
Contudo, as políticas restritivas da Apple estão dificultando essa integração, impedindo que a Microsoft entregue a experiência completa prometida aos seus consumidores.
A Microsoft quer uma decisão judicial definitiva
A gigante de Redmond solicita ao tribunal que mantenha a decisão que permite o lançamento da loja Xbox Mobile, mesmo enquanto a Apple apela da liminar.
Segundo a Microsoft, não há argumentos técnicos ou políticos que impeçam a reversão das mudanças, caso a Apple ganhe a apelação, o que significa que o lançamento não acarretaria danos irreversíveis ao ecossistema da Apple.
Curiosamente, enquanto luta judicialmente para abrir espaço no mercado mobile da Apple, a Microsoft anunciou recentemente o fim do Call of Duty Mobile, um dos títulos mais populares na plataforma.
Enquanto isso, os usuários esperam ansiosos para ver se a loja móvel da Xbox finalmente será lançada, ou se a Apple continuará impondo suas regras rígidas.