A mudança nas regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciada pelo Ministério da Fazenda no último dia 22 de maio, já impacta diretamente quem faz compras no exterior utilizando cartão de crédito. A medida faz parte de um pacote do governo federal para reforçar a arrecadação e garantir o equilíbrio fiscal do país.
De acordo com a Fazenda, as alterações foram implementadas com o objetivo de alinhar a política fiscal à monetária, evitar distorções e combater brechas na legislação. Além disso, são uma resposta direta às necessidades de cumprimento das metas fiscais, que também envolveram o congelamento de R$ 31,3 bilhões em despesas do orçamento de 2025.
Aumento do IOF para compras no exterior e cartão de crédito
Quem costuma viajar ou fazer compras internacionais com cartão de crédito já sente no bolso a principal mudança: o aumento da alíquota do IOF de 3,38% para 3,5% em cada operação. Isso inclui também pagamentos feitos com cartão de débito internacional, cartões pré-pagos e cheques-viagem.
Além disso, operações como compra de moeda estrangeira em espécie e remessas para contas no exterior também tiveram aumento expressivo, passando de 1,1% para 3,5% por transação. Vale mencionar que a saída de recursos do Brasil em operações não especificadas agora é tributada em 3,5%, enquanto a entrada permanece em 0,38%.
Essas alterações começaram a valer imediatamente, desde 23 de maio. Com isso, enviar dinheiro, pagar serviços ou adquirir produtos fora do país ficou mais caro para pessoas físicas que utilizam o cartão de crédito como meio de pagamento.
Recuo parcial após pressão do mercado
Entretanto, nem todas as medidas resistiram à reação do mercado financeiro. O governo voltou atrás em uma das propostas mais criticadas: o aumento da alíquota de IOF sobre investimentos de fundos brasileiros no exterior, que subiria de 0% para 3,5%. A decisão foi revertida horas após o anúncio, mantendo a alíquota zero para esse tipo de operação.
Isso porque a repercussão foi imediata. O dólar, que operava em queda antes dos anúncios, fechou em alta, cotado a R$ 5,66, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) encerrou o dia em queda de 0,44%.
É importante mencionar que o congelamento de gastos do orçamento foi bem recebido pelos analistas, diferentemente do aumento do IOF, que gerou preocupação sobre impactos na atividade econômica.
Outro detalhe importante é que, apesar do recuo em relação aos fundos no exterior, os aumentos de IOF sobre operações com cartão de crédito e demais transações internacionais seguem em vigor.
Por que essas mudanças afetam tanto quem usa cartão de crédito?
Dessa forma, quem utiliza cartão de crédito para compras no exterior ou para serviços internacionais precisa redobrar a atenção. O aumento, embora pareça pequeno, de 3,38% para 3,5%, se acumula a outros custos, como a cotação do dólar do dia da fatura e as tarifas das operadoras.
Sendo assim, essas medidas representam não só um reforço na arrecadação, estimado em R$ 20,5 bilhões para 2025, mas também um impacto direto no consumo de brasileiros no exterior e em plataformas internacionais.
Para quem faz compras internacionais com frequência, a orientação é analisar alternativas como uso de contas digitais internacionais, que oferecem câmbio mais favorável, ou antecipar pagamentos para evitar novos ajustes futuros.