Uma operação conjunta da Polícia Civil do Rio de Janeiro e de órgãos ambientais expôs uma grave ameaça à saúde pública nesta segunda-feira (19). A ação levou ao fechamento de uma fábrica clandestina de gelo localizada na Cidade de Deus, Zona Oeste da capital.
A fábrica abastecia parte considerável dos quiosques e bares das orlas da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes com produtos contaminados.
Fábrica de gelo podre abastecia comércio em áreas nobres
A investigação, que culminou na chamada Operação Gelo Podre, revelou que o estabelecimento produzia gelo com água contaminada por coliformes fecais — substâncias altamente prejudiciais à saúde humana.
Laudos técnicos da Cedae confirmaram a presença desses agentes nas amostras coletadas em pontos de venda e nos locais de fabricação.
O consumo desse gelo poderia provocar infecções intestinais e outros problemas de saúde, especialmente em banhistas e frequentadores dos quiosques à beira-mar.
No interior da fábrica interditada, os agentes se depararam com uma série de irregularidades.
O espaço funcionava em condições precárias de higiene, com embalagens espalhadas pelo chão, equipamentos sujos e sinais de uso de água proveniente de poços ilegais, sem qualquer tipo de tratamento ou autorização ambiental.
Além disso, a produção era rotulada como própria para consumo humano, o que agravava ainda mais o risco para a população, ao induzir o consumidor ao erro.
Fábrica de gelo podre tinha ligação com tráfico, e policial foi morto em operação
Parte das empresas envolvidas operava dentro de comunidades sob domínio de facções criminosas, o que dificultava fiscalizações anteriores e indicava uma possível relação entre os fabricantes e o crime organizado.
Além da contaminação, a operação apontou também a comercialização de água engarrafada com rótulos falsificados, simulando marcas conhecidas do mercado, e o uso ilegal de recursos como energia elétrica e água potável.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, o policial civil José Antônio Lourenço foi atingido em um confronto com criminosos da região. Ele integrava a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e atuava no suporte à operação.
Embora tenha sido socorrido e submetido a cirurgia no Hospital Lourenço Jorge, o agente não resistiu aos ferimentos.
Sua morte marca tragicamente uma ação que revelou não apenas riscos sanitários, mas também a complexidade de combater estruturas ilegais inseridas em territórios dominados pela criminalidade.