Nos últimos dias, a movimentada Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, na Zona Sul de São Paulo, tem sido palco de uma curiosa cena: uma multidão que dobra o quarteirão na espera para entrar na primeira loja da Krispy Kreme no Brasil. A famosa rede de donuts, que até 2024 já operava mais de 2 mil lojas no mundo, aterrissou em solo brasileiro com grande impacto.
As lojas mais icônicas da marca estão espalhadas por pontos turísticos globais, como a Times Square, em Nova York, o imenso shopping de Dubai e a região da Disney World, em Orlando. A estreia brasileira, em 29 de abril, não passou despercebida e rapidamente viralizou nas redes sociais, promovendo filas de até 4 horas.
Fenômeno das filas e o apelo do lifestyle americano
A combinação do sonho americano com o “lifestyle” promovido pela marca norte-americana despertou enorme curiosidade e desejo nos paulistanos. O valor simbólico dos donuts, um produto até então inacessível ou pouco comum no Brasil, aliado à aura de exclusividade, motivou filas gigantescas e uma febre de publicações nas redes sociais.
As filas não só indicam uma demanda pelo produto, mas também refletem a busca por uma experiência cultural. Muitas pessoas estão dispostas a encarar horas de espera para provar algo que, para elas, é sinônimo de status e pertencimento a um estilo de vida globalizado.
Experiência na loja
Na Krispy Kreme, o atendimento é dividido em duas áreas: na entrada principal, os clientes enfrentam filas maiores para personalizar seus pedidos, escolhendo sabores, coberturas e combinações exclusivas. Já na parte dos fundos, o atendimento é mais rápido, focado nos donuts tradicionais, conhecidos mundialmente.
Apesar da espera, o ambiente da loja é preparado para tornar o consumo mais visual e “instagramável”, com decoração colorida, letreiros luminosos e até uma parede de vidro onde é possível acompanhar a produção das rosquinhas, desde a massa até o acabamento.
Perfil dos consumidores e histórias na fila
O público é bastante diverso. Há quem esteja revivendo memórias da infância ou de viagens, como a dona de casa Silvia Martins, que relaciona o sabor dos donuts à sua experiência na Disney. Outros, como os funcionários enviados para comprar caixas de donuts para festas de aniversário, demonstram que a novidade já ganhou espaço em eventos familiares e sociais.
Alguns consumidores valorizam o aspecto nostálgico e cultural, enquanto outros se atraem pela novidade e pela oportunidade de pertencer a uma tendência global.
Custos e surpresas para os clientes
A experiência de consumir donuts na Krispy Kreme não é barata: os preços variam de R$ 11,90 a R$ 15,90 por unidade, e uma caixa com 12 unidades personalizadas pode custar quase R$ 100. Além disso, o serviço de valet, que cobra entre R$ 25 e R$ 60, causou surpresa em muitos clientes, já que a loja não oferece estacionamento próprio.
Assim, uma simples visita para provar os donuts pode sair por um valor considerável, especialmente considerando o tempo gasto na fila e as despesas extras.
Experiência e expectativas
Muitos clientes já conheciam a marca por viagens anteriores ou até por residir em países onde a Krispy Kreme está estabelecida, como o diretor técnico Ramon Lessa, que aproveita o horário de almoço para garantir seus donuts.
Outros, como a analista de recursos humanos Joyce Jon, compraram grandes quantidades para compartilhar com família e amigos, mostrando o poder da marca em criar momentos de conexão social.
Por outro lado, há também os que preferem evitar as filas e o “hype”, aguardando o momento certo para ir à loja, mas todos concordam que a experiência é marcante e faz parte de uma nova tendência de consumo na cidade.
No fim, filas e custos altos parecem ser o preço a pagar por essa mistura de nostalgia, status e pertencimento em uma São Paulo que se reinventa a cada novidade.