A doutoranda Priscila Fonseca da Silva, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina (UEL), dedica sua pesquisa à análise das intervenções feitas na preservação e reutilização das edificações da arquitetura moderna. Com o título “O Processo de Projetos de Intervenção no Legado do Movimento Moderno”, sua tese será defendida em agosto de 2025.
O trabalho visa analisar casos internacionais bem-sucedidos de conservação e adaptá-los à realidade brasileira, levando em conta as especificidades das obras modernistas no país. Além de doutoranda, Priscila é professora no Instituto Federal do Paraná e destaca a complexidade do processo de preservação dessas edificações.
Arquitetura moderna no Brasil
Um dos principais obstáculos, segundo ela, é a falta de reconhecimento de muitas dessas construções como patrimônio. Esse desafio surge da visão de que a arquitetura moderna ainda não é vista como parte significativa do patrimônio arquitetônico, o que dificulta sua preservação.
A ideia predominante é que o patrimônio deve ser antigo e imponente, características que nem sempre se aplicam às obras do movimento moderno. Como resultado, muitas dessas construções, embora já ultrapassem os 50 anos de existência, não são consideradas para preservação, sendo subvalorizadas em relação a outros tipos de patrimônio.
Complexidade das intervenções
Outro ponto relevante apontado pela doutoranda é o uso de materiais experimentais, como o concreto, amplamente empregados nas construções modernistas. Com o tempo, esses materiais tendem a se degradar, tornando a preservação ainda mais desafiadora. Priscila argumenta que, para manter as características originais dessas edificações, é fundamental adotar estratégias de reúso, adaptando-as às necessidades atuais, mas preservando sua integridade.
A pesquisa também propõe uma reflexão sobre as dificuldades de equilibrar o respeito pela originalidade dos projetos com as exigências contemporâneas. Muitas intervenções em edifícios modernistas acabam alterando suas formas originais, gerando um debate sobre até que ponto essas modificações são aceitáveis sem comprometer o valor histórico e arquitetônico dessas construções.